Dinâmica favorável a Biden leva republicanos a admitir possível vitória democrata nos EUA

Os democratas têm “boas chances” de vencer a eleição presidencial de 3 de novembro nos Estados Unidos, afirmou nesta quinta-feira (15) o senador republicano Lindsey Graham, considerado um aliado muito próximo de Donald Trump. A 19 dias da votação, Graham reconheceu uma dinâmica eleitoral favorável a Joe Biden.

“Vocês têm boas chances de ganhar a Casa Branca”, disse Graham, presidente do Comitê Judiciário do Senado, a colegas democratas na abertura de uma audiência de confirmação da indicada de Trump à Suprema Corte, Amy Coney Barrett. “Obrigada por reconhecer isso”, respondeu a senadora democrata Amy Klobuchar, ao que Graham acrescentou: “Sim, acho que é verdade”.

Os comentários de Graham não mudam, porém, as expectativas de que a conservadora Barrett ganhará facilmente a confirmação para a mais alta corte dos Estados Unidos, dada a maioria de 53 republicanos para 47 democratas no Senado. A oposição tentou adiar a nomeação, para que a vaga deixada após a morte da juíza progressista Ruth Bader Ginsburg, no mês passado, ocorresse após a eleição presidencial.

“É uma vergonha”, disse Klobuchar, lembrando que, em 2016, os republicanos se recusaram a ouvir um juiz nomeado para a Suprema Corte pelo então presidente Barack Obama, sob o pretexto de que as eleições estavam muito próximas.

“Milhões e milhões de pessoas votam enquanto discutimos”, acrescentou a senadora democrata, exigindo que se espere o veredito das urnas.

Biden aparece 9,2 pontos percentuais à frente de Trump na média das pesquisas da plataforma online RealClearPolitics.

As palavras do senador republicano Ted Cruz, que evocou na semana passada  um “banho de sangue” para o Partido Republicano, também soam como um presságio da derrota de Trump.

Mais de 17,5 milhões de eleitores já votaram pelo correio

Mais de 17,5 milhões de americanos já votaram antecipadamente, segundo dados da Universidade da Flórida, que tem contabilizado informações fornecidas pelas autoridades eleitorais de diversos estados. Caso esta tendência se mantenha, pela primeira vez na história dos EUA, a maioria dos eleitores poderá votar antes da data estabelecida.

O contexto sanitário da epidemia de coronavírus favorece essa alternativa aos eleitores. Muitos querem evitar as longas filas diante das seções eleitorais. Os dados da Universidade da Flórida também mostram que a votação pelo correio tem sido utilizada principalmente pelos idosos, mais vulneráveis à Covid-19.

Na noite desta quinta-feira (15), Trump e Biden responderão ao vivo às perguntas de eleitores, mas cada um em um canal de TV diferente. O presidente republicano enfrentará a sabatina popular durante uma hora na Flórida, no canal NBC, enquanto o adversário democrata responderá aos questionamentos de eleitores em seu estado natal, a Pensilvânia, com transmissão pela ABC. Trump venceu nesses dois estados-chave em 2016, mas agora Biden parece capaz de lutar pela vitória.

Analistas repetem regularmente seus apelos por cautela, apontando para a eleição de 2016, quando Trump criou uma das maiores surpresas da história política americana, ao derrotar Hillary Clinton. Ela também liderou as pesquisas nas semanas anteriores.

O presidente, agora recuperado da Covid-19, mesmo dizendo que está “imune”, também está intensificando sua campanha, cercado todas as noites por milhares de apoiadores nos principais estados. Trump fez três comícios em três dias: na Flórida, na Pensilvânia e no Iowa, e realizou um quarto nesta quinta-feira na Carolina do Norte.

Depois de o republicano ter rejeitado um segundo debate com Biden, que insistiu no formato virtual após a contaminação do presidente, um terceiro debate ainda está agendado para 22 de outubro em Nashville, Tennessee.

Kamala em quarentena

Por outro lado, a candidata a vice na chapa democrata, Kamala Harris, teve que suspender suas viagens “por excesso de cautela” até domingo, devido a dois casos de Covid-19 entre seus colaboradores de campanha, com os quais ela não teve “contato próximo”, segundo sua equipe.

As duas pessoas que testaram positivo para o coronavírus, incluindo a diretora de comunicação Liz Allen, viajaram de avião com a senadora democrata em 8 de outubro. Harris já realizou dois testes de PCR, todos com resultado negativo.

 

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