Documentos apreendidos no computador do doleiro Alberto Youssef mostram que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa — um dos principais articuladores do esquema de corrupção na estatal — foi convidado a assumir o Ministério das Cidades, no lugar do Aguinaldo Ribeiro, no governo da presidente Dilma Rousseff. Nos últimos anos, a pasta tem sido comandada pelo do PP, um dos partidos suspeitos de receber parte das propinas desviadas da estatal. O PP foi quem apadrinhou Paulo Costa no cargo.
Os técnicos da Polícia Federal encontraram uma troca de mensagens entre Youssef e o deputado federal Luiz Argôlo (Solidariedade-BA) ocorrida no dia 13 de março, quatro dias antes de o doleiro ser preso na primeira etapa da Operação Lava-Jato. Na conversa, Argôlo questiona Youssef:
“Vc sabia que chamaram PR pra assumir o Ministério? E ele não quis. Aguinaldo saiu hoje”, questionou Argôlo.
Youssef diz que já tinha conhecimento do convite:
“Sabia. Ele já tinha me contado”, disse o doleiro, completando: “(Recusar) Foi a melhor coisa que ele fez”.
De acordo com os técnicos da PF, PR é a abreviação do nome do ex-diretor da Petrobras e “Aguinaldo” seria o agora deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que comandou o Ministério das Cidades entre 6 de fevereiro de 2012 e dia 17 de março deste ano, dia em que Argôlo e Youssef trocaram emails. Ainda segundo as investigações, as conversas entre os dois mostram que ambos tinha “intimidade” com Paulo Roberto.
A conversa estava no computador apreendido em um imóvel de Youssef na Rua Dr. Renato Paes de Barros, nº 778, São Paulo, SP, durante uma ação da Operação Bidone, como foi denominada apenas as investigações sobre o doleiro.