Dossiê antifascista é entregue para os EUA por Eduardo Bolsonaro, denuncia deputado bolsonarista

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) entregou à Embaixada dos Estados Unidos a cópia de um dossiê com militantes antifascistas, denunciou o deputado estadual Douglas Garcia (PTB-SP), bolsonarista ferrenho na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

Segundo reportagem de Rogério Gentile, no UOL, o deputado afirmou no depoimento, em tom de deboche, que as pessoas relacionadas seriam impedidas de visitar a Disneylândia, referindo-se ao fato de que a listagem foi encaminhada para a embaixada americana. Garcia afirmou no processo que “o protocolo junto à Embaixada dos Estados Unidos foi feito pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro”.

Inicialmente em um vídeo postado nas redes sociais, em que ostentou um documento com mais de mil páginas, que seria o dossiê, Douglas Garcia disse que ele próprio iria enviar os dados “para a Embaixada dos Estados Unidos da América e alguns consulados do EUA aqui no nosso País”.

Nesta segunda-feira (10), seus advogados negaram, no entanto, que ele tenha acionado a Procuradoria Geral da República e a Embaixada dos Estados Unidos contra os manifestantes. Segundo o juiz Guilherme Ferreira da Cruz, da 45ª Vara Cível Central de São Paulo, responsável pela sentença, o deputado agora quer ‘desdizer’ o que ele mesmo declarou na gravação.

Garcia é alvo de um inquérito do Ministério Público de SP pelo “dossiê” preparado contra antifascistas. De acordo com promotor, o deputado bolsonarista atentou contra o Estado Democrático de Direito, “promovendo a intimidação, perseguição e criminalização, disseminando e incitando o ódio, intolerância e violência”.

“Em tese, os Estados Unidos podem, com base no dossiê, impedir a entrada das pessoas citadas ali, negando o visto ou mesmo revogando-o, se assim acharem que é o caso. Trata-se de um poder discricionário”, diz a reportagem.

A investigação que envolve Douglas Garcia apura a utilização de equipamentos públicos da Assembleia na elaboração do relatório com quase mil nomes de pessoas que se declarariam antifascistas, contendo dados pessoas como número de documentos e até mesmo endereços de trabalho e de moradia.

O deputado foi condenado na semana passada a indenizar em R$ 20 mil uma mulher que teve seu nome e dados particulares inseridos nessa listagem. Antes disso, chegou a ser afastado das atividades parlamentares na Alesp.

Fonte/247

Artigo anteriorPoliciais militares do 9º BPM apreendem motocicleta roubada em Anamã
Próximo artigoFachin nega recurso da PGR e leva ao plenário decisão sobre compartilhamento de dados da Lava Jato