DPE recebe família de artista morta em Presidente Figueiredo, que busca reclassificação do crime para feminicídio  

A Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) recebeu nesta segunda-feira (10) Sophia Hernández, irmã da artista Julieta Hernández, assassinada em Presidente Figueiredo no final do ano passado. Sophia lidera uma mobilização para reclassificar o crime cometido contra Julieta como feminicídio.

Sophia esteve na DPE-AM acompanhada da defensora Carol Carvalho, que atua junto à Procuradoria da Mulher da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), da deputada Alessandra Campelo, que lidera a procuradoria, além dos advogados da família e representantes da União Brasileira de Mulheres (UBM), que articula a mobilização. Pela manhã, a comitiva esteve no Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM).

Na DPE-AM, o grupo foi recebido pelo Defensor Público Geral do Amazonas, Rafael Barbosa, que destacou a preocupação da Defensoria Pública com a quantidade de crimes de gênero no Estado. “Essa realidade nos obriga a uma ação conjunta, estruturada, que envolva a conscientização da população, a educação em direitos e a própria punição exemplar daqueles crimes que atingem as mulheres por causa do seu gênero”, ressaltou Barbosa.

Rafael Barbosa também enfatizou que o caso de Julieta Hernández envolve questões de gênero, xenofobia e a agressão a uma defensora dos Direitos Humanos. “A Defensoria Pública vai atuar além do seu papel de defender os acusados, trabalho que será feito pelo defensor que hoje atua na Defensoria de Presidente Figueiredo, mas também vai atuar em defesa da vítima”, afirmou.

“A Defensoria Pública está atenta e prestando uma assistência qualificada às vítimas de todo tipo de violência contra mulher. Que possamos, a partir desse caso bárbaro, da Julieta Hernández, criar frentes de atuação que possam prevenir outros casos similares”, disse a defensora Carol Carvalho.

Sobre o crime

Julieta Hernández, conhecida como “Palhaça Jujuba”, foi assassinada enquanto viajava de bicicleta pelo Brasil. Ela desapareceu no dia 23 de dezembro em Presidente Figueiredo, Amazonas, enquanto seguia para seu país de origem, Venezuela. Em 6 de janeiro deste ano, seu corpo foi encontrado em uma mata. As investigações apontaram que Julieta foi estuprada, assassinada e teve seu corpo queimado por um casal que confessou o crime.

Em janeiro, o Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) denunciou Thiago Angles da Silva e Deliomara dos Anjos Santos pelos crimes de estupro, latrocínio (roubo seguido de morte) e ocultação de cadáver. Agora, a família de Julieta pede a reclassificação dos crimes para feminicídio.

Programação

Nesta terça-feira (11), durante a sessão plenária da Aleam, a deputada Alessandra Campelo fará uma breve explicação sobre o caso Julieta Hernández, seguida de pronunciamentos de Sophia Hernández e Denise Motta Dau, Secretária Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher do Ministério das Mulheres. Em seguida, haverá um ato de solidariedade dos movimentos sociais e movimentos de mulheres no hall da Aleam.

Na quarta-feira (12), uma caravana em memória a Julieta Hernández partirá de Manaus rumo a Presidente Figueiredo, onde o grupo terá encontro com autoridades locais, realizará uma manifestação pacífica e, por fim, se reunirá com a magistrada responsável pelo caso.

 

Artigo anteriorSetor espacial privado, o novo campo de batalha entre China e EUA
Próximo artigoPF conluiu investigação sobre facada em Jair Bolsonaro: “Adélio agiu sozinho”