Efeito Fachin – Arthur Neto promete abandonar a “política abjeta” em 2021

Por volta de 0h07 desta quarta-feira, 12, o prefeito Arthur Neto (PSDB), em sua rede social, postou manifesto contrapondo-se à bombástica “lista Fachin”, que figura entre os citados e que expõe as vísceras de todos os políticos em evidência no país, como o presidente do Senado e da Câmara dos Deputados, por exemplo, envolvidos suposto recebimento de propina.

Diz Arthur que tem a consciência estar e que não se furta aos enfrentamentos necessários à defesa de suas verdades. “Estou, como sempre estive, absolutamente tranquilo”.

Quanto à citação do seu nome feita por um ex-diretor da Odebrecht, Claudio Melo, Arthur disse tratar-se de um ‘ato mesquinho contra a sua reputação e que enfrentará a injustiça com a altivez que corruptos e arbitrários não conseguiriam ter: cabeça erguida, rumo ao combate necessário e saneador”.

Concluirei este mandato, o derradeiro de minha vida, governando Manaus com uma dedicação extremada, que resumirá quatro décadas de amor. Até o último minuto de 2020. E, definitivamente, não me candidatarei mais a qualquer outro posto.

No final do manifesto Arthur diz que cumpre o seu último mandato e que deixa a política abjeta que aí está, à disposição dos profissionais da “sobrevivência”, dos torquemadas de plantão e dos hipócritas de quaisquer matizes.

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Não me afastarei jamais do estilo com que sempre me dediquei à coisa pública. Há quem prefira o papel do avestruz. Sou, porém, do tipo que não se furta aos enfrentamentos necessários à defesa de suas verdades. Por isso, defino-me, de pronto, diante da mesquinha citação de meu nome na tal lista dos “delatores premiados” da empresa Odebrecht. E não aprecio escapismos como “primeiro consultarei os autos” ou “conversarei com meu advogado”, antes de falar publicamente sobre assunto que diga respeito a minha reputação e a minha honra. Daí o esclarecimento que presto nesta hora, nítido como água pura de igarapés límpidos.

Um ex-diretor dessa empresa, sr. Claudio Melo, de acordo com “vazamentos”, pelos quais nunca ninguém se responsabiliza, teria afirmado que me repassou R$300 mil (trezentos mil reais), dando a entender que não me conhecia e que apenas estaria cumprindo ordens “superiores” de aproximar a Odebrecht de um “parlamentar influente”. Não se refere, segundo o tal “vazamento”, a nenhum “favor” que eu “deveria” prestar a quem quer que fosse.

Após a surpresa inicial, cheguei a pensar que o sr. Melo pudesse mesmo ter embolsado essa quantia, quem sabe usando meu nome para driblar a contabilidade corrupta de sua empresa. Não me importam, aliás, os detalhes da sordidez. Importa, e muito, o fato de minha consciência estar, como sempre esteve, absolutamente tranquila.

Doze anos deputado federal! E não há registro de nenhum gesto meu que tenha beneficiado a Odebrecht e seus lobistas. Dirigente nacional do meu partido por três anos, líder e ministro do presidente Fernando Henrique por um quadriênio inteiro e intenso. E não existe quem aponte qualquer coisa que me possa ligar a interesses empresariais. Senador por oito anos, liderando uma oposição renhida, e numericamente poderosa, ao governo Lula. E não há quem ouse supor que, por palavras ou atos, ajudei a deformar medidas provisórias.
Sou prefeito da sétima maior cidade do país pela terceira vez. E a Odebrecht, ao longo desse tempo, não plantou um único metro cúbico de asfalto em Manaus. Nenhuma relação. Absolutamente nenhum liame.

A relação entre “acusadores” e “delatores” não é suficiente para me calar nem me fazer “participante” de esquemas de achaques. São 39 anos de uma trajetória que erigiu um conceito do qual muito se orgulha minha família e que não está à disposição de ninguém. Nem do ilustre procurador Rodrigo Janot e nem do ínclito juiz Sergio Moro. Menos ainda de figuras menores que se cevaram no submundo do suborno e agora pretendem obter liberdade física para voltar a usufruir de dinheiro desonesto.

Meu sentimento ordena que enfrente a injustiça, com a altivez que corruptos e arbitrários não conseguiriam ter: cabeça erguida, rumo ao combate necessário e saneador.

Fala-se em “foro privilegiado”! Tantos se apequenam para obter mandatos controversos, com o fim “maior” de obtê-lo, com isso supondo a “conquista” da impunidade. Não sou realmente assim.

Cheguei à Câmara dos Deputados para enfrentar um regime autoritário e ajudar a restaurar as liberdades neste país. E aqueles não eram tempos de imunidades parlamentares! Cheguei ao Senado para representar o Amazonas, defender o Brasil e sustentar o legado do governo Fernando Henrique: estabilidade da economia, controle da inflação, responsabilidade fiscal e reformas estruturais. Não fui em busca de foros especiais (a bem da verdade, considero uma injúria ao STF supor-se que lá não se produz justiça), porque meu mandato servia para pensar a Amazônia e o Brasil e não para acobertar o atraso e nem o saque ao nosso povo.

Prosseguirei, então, na rota inversa ao oportunismo. Não disponho, como prefeito, de foro especial, privilegiado ou como bem pretendam denomina-lo. E vou continuar sem ele.

Concluirei este mandato, o derradeiro de minha vida, governando Manaus com uma dedicação extremada, que resumirá quatro décadas de amor. Até o último minuto de 2020. E, definitivamente, não me candidatarei mais a qualquer outro posto.

Permanecerei opinando, através de artigos, livros e palestras, sobre minha região e meu país. Mas deixo a política abjeta que aí está, à disposição dos profissionais da “sobrevivência”, dos torquemadas de plantão e dos hipócritas de quaisquer matizes. Sempre ansiando que o Brasil se reforme e se vá regenerando, para permitir a ascensão dos que virão livra-lo dos tipos ora citados. Minha cota se esgotou. Minhas ambições estão domesticadas.

Há outros meios de servir lealmente ao Amazonas, ao Brasil e a minha Manaus.

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