As eleições legislativas antecipadas de domingo (31) na Turquia, as segundas desde junho, podem eleger um parlamento muito semelhante ao que originou o atual impasse político, em um país em profunda crise estrutural.
O Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, islamita e conservador) vai tentar recuperar a maioria absoluta que mantinha desde 2002 quando chegou ao poder sob a liderança do seu fundador e atual chefe de Estado, Recep Tayyip Erdogan.
Para concretizar esse objetivo, que as pesquisas de intenção de voto continuam a contrariar, o partido islamita centrou seu discurso na necessidade de defender a Turquia da “ameaça terrorista”, colocando as forças jihadistas e curdas no mesmo plano.
O AKP, que obteve 40,9% dos votos em junho (258 dos 550 deputados), se esforçam para recuperar pelo menos os 18 lugares que faltam para recuperar a maioria absoluta. No entanto, algumas sondagens indicam que o partido de Erdogan e do atual primeiro-ministro, Ahmet Davutoglu, poderá recuar de novo na votação e preveem que a coligação de esquerda e pró-curda Partido Democráticos dos Povos (HDP, de Selahattin Demirtas e Figen Yuksekdag) – que entrou no parlamento em junho com surpreendentes 13,1% – conseguirá resistir a cinco meses de desgaste e tensão política e se manter no Parlamento, inviabilizando de novo o principal objetivo dos islamitas-conservadores e o desejo de um reforço do regime presidencial pretendido por Erdogan.