O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, visitará Cuba na próxima sexta-feira (14). Será a primeira vez que um alto executivo do governo norte-americano estará na ilha, desde que as relações diplomáticas começaram a ser restabelecidas. Kerry vai participar da cerimônia para içar a bandeira norte-americana na Embaixada dos Estados Unidos, inaugurada em julho em Havana, e será o primeiro chefe da diplomacia do país a visitar a ilha em 70 anos.
Além da cerimônia, Kerry deverá se encontrar com a alta cúpula do governo cubano. Embora a agenda ainda não tenha sido divulgada, a previsão é que ele se reúna com o chanceler Bruno Rodríguez.
Segundo a Casa Branca, a agenda prevê a continuidade do diálogo de reaproximação. Os temas sensíveis para Cuba são o embargo econômico e financeiro imposto pelos Estados Unidos à ilha e a restituição do território onde se encontra a base norte-americana de Guantánamo, no Sul.
Para os norte-americanos, os direitos humanos, a situação dos dissidentes e o tráfico de seres humanos são temas importantes nas conversações.
A imprensa internacional, que acompanha a reaproximação, e analistas entrevistados nos Estados Unidos afirmam que apesar do “recomeço” ainda há muito o que se alcançar para o pleno restabelecimento das relações.
Em entrevistas e declarações, tanto Kerry quanto o presidente Barack Obama adotam um tom cauteloso para falar das relações com Cuba. Em julho, quando as embaixadas em Washington e Havana foram reabertas, os Estados Unidos disseram que queriam manter “relações de boa vizinhança” com Cuba, disse John Kerry, acrescentando que a normalização seria “longa e complexa”.
Obama, por sua vez, tem dito que não faz sentido manter o isolamento de Cuba e a postura endurecida com relação à ilha que marcaram os últimos anos. Mas desde que os dois governos tornaram públicas as negociações, em dezembro do ano passado, ele afirmou que o caminho seria difícil e que envolveria outros aspectos.
Um dos pontos que dependem de fatores que fogem ao desejo da administração Obama, é o fim do embargo econômico dos Estados Unidos a Cuba.
O embargo foi decretado em fevereiro de 1962 e ampliado pela Lei Helms-Burton, de 1996. De acordo com o governo cubano, os prejuízos da ilha são superiores a US$ 100 bilhões.