O presidente do Congresso e do Senado, Eunício Oliveira (MDB), criticou a pressão do futuro ministro da Fazenda, Paulo Guedes, para o Congresso votar a reforma da Previdência: “Só não aceito que digam que o Congresso tem de levar prensa. Aqui tem a liberdade de cada um botar o dedinho e votar sim, não ou abstenção”, afirmou em entrevista ao Estadão.
“Ele [Paulo Guedes] disse: ‘Ou você vota a reforma da Previdência ou o PT volta’. Primeiro que eu não estou preocupado com volta ou não do PT. Quem deve saber o que quer para a frente, quem assumiu a responsabilidade de governar o Brasil, infelizmente, não fui eu. É fácil levantar todos os projetos que estão na Câmara e no Senado que podem ser pautados. Até o último dia em que eu for presidente, ninguém vai interferir nesse Poder, a não ser por entendimento, por conversa e harmonia.”, disse Eunício.
O senador também afirmou que não está preocupado se Jair Bolsonaro “vai gostar ou não” das votações que aconteceram na Casa antes do ex-militar assumir a Presidência da República.
“Qual o motivo de eu, como presidente de um Poder, vou procurar o presidente eleito de outro Poder para perguntar o que ele quer? Parece um oferecimento, de disposição para se credenciar para alguma coisa. Zero.”, disse o senador.
Sobre a votação da PEC da Previdência, sugerida por Guedes, Eunício afirmou que falta experiência política à equipe de Bolsonaro para entender como funciona a tramitação: “Agora, a Constituição determina muitas coisas que talvez muita gente que está nesse processo, que não passou por aqui, não passou numa Câmara de Vereadores, numa Assembleia Legislativa, numa Câmara Federal, talvez não tenha passado num governo, para entender o trâmite. ‘Ah, o Eunício não quer votar a PEC da Previdência’. Eu posso até não querer, mas não é isso. Os constituintes foram sábios de se auto-proteger, não a eles que estavam vindo de um regime de força da ditadura, eles auto-protegeram a Constituição brasileira e botaram nessa Constituição que ninguém pode chegar e dizer: ‘Olha, acordo de líderes aqui, eu tenho maioria, muda a Constituição todinha que agora eu prendo e arrebento’. Eles fizeram um ritual para mudanças na Constituição brasileira”.
Eunício também cobrou a votação do Orçamento de 2019 e disse que o Congresso não sairá de recesso até que isso aconteça: “Já prorroguei duas vezes o prazo de emenda do Orçamento. Talvez as pessoas não saibam que o Congresso Nacional não sairá de recesso enquanto mão for votado o orçamento. ‘Ah, mas antigamente saía em recesso branco’. Eu não dou recesso branco. Quero votar o Orçamento novamente no segundo ano que estou presidente. É o meu dever.”