Europa volta à vida, enquanto Brasil e EUA batem recordes de mortes

CARTA CAPITAL – Brasil e Estados Unidos registraram nas últimas 24 horas mais de 1.000 mortes cada por coronavírus, enquanto a Europa continua em sua cautelosa suspensão do confinamento, que inclui a reabertura de cafés, restaurantes e museus na França e a volta do futebol em alguns países.

No total, a pandemia matou mais de 359.231 pessoas no mundo, três quartos delas na Europa e nos Estados Unidos. No entanto, a COVID-19 mata diariamente mais pessoas na América Latina e no Caribe, regiões que registram mais de 882.840 casos, com 46.767 falecimentos registrados sobretudo no Brasil (26.754), México (8.597) e Peru (4.099).

A França anunciou que os restaurantes, cafés e bares vão reabrir em 2 de junho, quando os franceses também poderão voltar a circular livremente com o uso obrigatório da máscara. “A liberdade será a regra e a restrição, a exceção”, disse o primeiro-ministro Edouard Philippe, que também anunciou a reabertura no mesmo dia de museus e monumentos.

As salas de espetáculos e teatros voltarão a receber público, exceto na região de Paris, uma das mais afetadas pela pandemia. Philippe disse, ainda, que a França é “favorável” a que as fronteiras internas da Europa reabram a partir de 15 de junho, sem que se imponha quarentena aos viajantes.

“Aplicaremos a reciprocidade” se alguns países impuserem quarentena de 14 dias aos franceses, acrescentou. Quanto às fronteiras externas, disse que “a decisão será tomada coletivamente com todos os países europeus até 15 de junho”.

Os anúncios ocorrem quando a Europa leva vários dias de um desconfinamento gradual. As pessoas voltam aos cinemas em Madri, ainda que ao ar livre, ao estilo dos anos 1950.

E na Inglaterra e na Itália foi anunciado o retorno dos campeonatos nacionais em 17 e 20 de junho, respectivamente. A Federação Russa de futebol, no entanto, estabeleceu a retomada do futebol em 21 de junho com espectadores limitados a 10% da capacidade.

A MLS, a Liga de Futebol dos Estados Unidos, autorizou treinos com grupos reduzidos em um novo passo para o retorno da competição. Também nos EUA, foi anunciado o cancelamento da tradicional Maratona de Boston. Seus organizadores propuseram a participação virtual de corredores em todo o mundo.

Os estragos do vírus

O Brasil, com mais de 210 milhões de habitantes, totaliza 438.238 casos, embora especialistas estimem que os contágios possam ser até 15 vezes superiores, devido à falta de exames de diagnóstico.

Mas não só os óbitos aumentam. O desemprego também. O Brasil perdeu 4,9 milhões de postos de trabalho no trimestre entre fevereiro e abril, o que implica em um aumento de 1,4 ponto percentual na taxa de desemprego de 11,2% registrada no período novembro-janeiro. O estado de São Paulo anunciou uma reabertura gradual da economia a partir de junho.

O vírus alimenta ainda a crise política no Brasil, onde o presidente Jair Bolsonaro minimiza a ameaça da pandemia e ataque governadores que pedem o confinamento

No Peru, onde presidente e ministros reduziram seus salários entre 10% e 15%, foram 5.874 novos casos nas últimas 24 horas, com um total de 141.779, incluindo 4.099 óbitos. O governo assegura que o país entrou em um “longo platô”.

Enquanto a Guatemala alerta para o risco de fome em regiões empobrecidas, o Chile enfrenta semanas críticas que mantêm no teto a capacidade dos serviços de saúde após um elevado número de casos que totalizam 86.943, entre eles 890 mortos.

A Colômbia, que registra 822 falecimentos entre 25.366 infectados desde 6 de março, estendeu as medidas obrigatórias de isolamento até 1º de julho, embora com novas exceções para reativar sua economia desgastada

Desconfinamento e economia

Trump mantém a pressão sobre governadores e líderes locais para reativar a combalida economia americana, que encolheu 5% no primeiro trimestre e com mais de 40 milhões de pessoas em seguro-desemprego, um nível nunca visto desde a Grande Depressão.

Mas seu principal assessor médico, o imunologista Anthony Fauci, advertiu contra os riscos de um desconfinamento apressado. “Isto é realmente brincar com o destino e procurar problemas”, declarou à CNN.

A pandemia atinge sobretudo o estado de Nova York, o segundo mais populoso do país, com um terço dos mortos. Seu governador, Andrew Cuomo, pediu ajuda federal: “Estamos falando da vida das pessoas (…) Precisam de ajuda de verdade”.

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