“Fantástico” denuncia caos na saúde no Amazonas e MP declara que o acesso à saúde no estado só é permitido aos “amigos do rei”

Depois de uma breve trégua ao governo do Amazonas e ao judiciário, o “Fantástico”, a revista eletrônica exibida aos domingos pela Rede Globo de Televisão, voltou com nova carga pra lá de pesada. Nada, porém, do que já não fosse conhecido no Amazonas e, em especial pelos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

Ou seja, acesso ao serviço público de saúde no Amazonas de Omar Aziz e Cia LTDA.,  só é permitido aos “amigos do rei” ou aos que gozam de alguma influência política e social, como bem definiu a representante o Ministério Público Estadual (MPE), Cláudia Maria Raposo da Câmara, entrevistada do Fantástico.

“Não entendo como o estado trata seus cidadãos como pessoas de duas categoria. Para uns, o melhor que existe, o melhor tratamento da medicina de ponta. Para outros, até a desassistência total”, dizia, absorta em seus pensamentos, a promotora.

Como a promotora Cláudia Maria Raposo da Câmara, dezenas, centenas, milhares de cidadãos trabalhadores contribuintes, também, não entendem porque são obrigados a mendigar nas portas dos centros de saúde, madrugadas a fio, para obter, após várias tentativas, uma ficha para uma consulta.

Mas se por um lado Cláudia Maria Raposo da Câmara e os contribuintes do SUS não entendem, Omar Aziz, José Melo – os alvos da reportagem -, alguns desembargadores e parentes, entende muito bem, obrigado.

Que digam Domingos Chalub, Graça Figueiredo, Yedo Simões, Lafayette Vieira e o ex-prefeito de Santa Isabel do Rio Negro, Mariolino Siqueira no Sírio Libanês – todos contemplados pelo governo do Amazonas com tratamento no hospital 5 estrelas, Sírio Libanês, na capital paulista.

Conforme demonstrado pela reportagem do Fantástico, somente no período de 2012 a 2016, os amigos do rei usaram R$ 4,5 milhões dos contribuintes amazonenses para serem tratados no Sírio Libanês.

“O estado do Amazonas fez um plano de saúde para atender seleto grupo de pessoas. Esses tratamentos não foram custeados a partir de um política pública de saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)”, explica Thiago Corrêa, procurador da República/AM.

Os gastos com o desembargador Domingos Chalub Pereira passaram de R$ 230 mil; com Maria das Graças Vieira, mãe de desembargador Lafayette Vieira, corregedor do Tjam, R$ 130 mil; dois meses depois R$ 24 mil com Giovana, mulher de Lafayete.

De fevereiro de 2013 a março de 2014, o governo do Amazonas, segundo o Fantástico, pagou R$ 345 mil pelo tratamento de Fabiano Figueiredo, sobrinho da desembargadora Graça Figueiredo.

Já de julho a dezembro de 2014, mais R$ 175 mil reais foram gastos com Iara Simões, irmã do desembargador Yedo Simões, presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas.

Entre os amigos do rei, figurava o ex-colunista social, Alex Deneriaz, morreu em abril de 2015. De acordo com o MP, o tratamento bancado pela Susam no Sírio Libanês em favor de Deneriaz, custou R$ 785,3 – R$ 130 mil a mais do que o governo gastou com o Instituto de Saúde do Amazonas no mesmo mês.

O MP ingressou com ação pública por ato de improbidade contra Pedro Elias de Sousa, Wilson Duarte Alecrim e José Duarte dos Santos Filhos, pedindo ressarcimento dos valores pagos e que os mesmos fiquem inelegíveis

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