As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) iniciaram hoje (17) o debate histórico para abandonar a luta armada no país. “O futuro da Colômbia está em suas mãos”, disse o líder da guerrilha, Rodrigo Londoño Echeverri, conhecido como Timochenko, ao abrir a semana de debates para votar o acordo de paz alcançado com o governo colombiano e a dissolução como grupo armado para se converter em partido político.
Timochenko abriu oficialmente neste sábado a 10º Conferência Guerrilheira das Farc, que reúne cerca de 200 delegados da guerrilha na inóspita e escondida região de El Diamante, no Sul da Colômbia. A reunião vai até o dia 23 de setembro.
Durante esta semana de deliberações, espera-se que as Farc aprovem o acordo de paz e a dissolução do grupo como organização armada. Os principais chefes da guerrilha voltaram à Colômbia após quatro anos de negociações em Havana, capital de Cuba, que sediou a discussão do processo de paz.
O encontro das Farc terá uma particularidade: enquanto as primeiras nove edições (entre 1965 e 2007) ocorreram para discutir planos de guerra, a deste ano é para aprovar a renúncia à luta armada e falar de paz.
Todas as conferências das Farc anteriores a esta ocorreram na clandestinidade e seus resultados eram anunciados em nível nacional semanas ou meses depois. Esta, no município de San Vicente del Caguán, não apenas está avalizada pelo governo, como também terá ampla difusão.
O governo colombiano suspendeu por uma semana a prisão de 24 membros das Farc para que eles possam participar da conferência.
Delegados do governo de Juan Manuel Santos, das Farc e da Organização das Nações Unidas se reuniram na última quinta-feira (15) na região de Caquetá para definir detalhes sobre as regiões onde as Farc se concentrarão após a assinatura definitiva do acordo de paz.
Os cerca de 8 mil guerrilheiros ficarão em 27 setores do país durante 180 dias, e nesse tempo prepararão sua reincorporação à vida legal e entregarão suas armas.
Depois da assinatura do acordo entre as Farc e o governo, prevista para o próximo dia 26, o texto será submetido a um plebiscito no dia 2 de outubro, em que os colombianos dirão de aprovam ou não o que foi acordado.