247 – O jornal Financial Times publicou matéria sobre o ex-juiz Sérgio Moro, agora ministro da Justiça e Segurança. A reportagem inclui declarações de Moro e ressalta que não será fácil para o ex-chefe da Operação Lava Jato atuar como ministro da Justiça e Segurança no governo de direita de Jair Bolsonaro, o que evidencia suas contradições como pretenso paladino do combate à corrupção. “Ele garantiu seu maior troféu quando processou o presidente de esquerda de dois mandatos, Luiz Inácio Lula da Silva, que está cumprindo 12 anos de prisão, acusado de corrupção. A prisão de Lula impediu o popular ex-líder de concorrer nas eleições de outubro passado, ajudando Bolsonaro a garantir a vitória. A decisão subseqüente de Moro de aceitar um cargo do governo gerou acusações de que ele é culpado de um conflito de interesses”.
O Financial Times ressalta ainda: “Enquanto muitos consideravam isso um golpe político de mestre de Bolsonaro, outros acharam que isso solapava a legitimidade da investigação de corrupção e manchava a reputação reluzente de Moro”.
As novas responsabilidades de Moro, diz o jornal, “incluem combater algumas das principais preocupações dos brasileiros: corrupção, crime organizado e assassinatos violentos”. Para Moro, diz a reportagem, “os três problemas estão relacionados”. “A grande corrupção coloca em risco a capacidade do Estado de desenvolver políticas públicas eficientes, seja pelo uso indevido de recursos ou por perda de credibilidade ou confiança. Isso cria um vácuo no qual o crime organizado e a violência crescem “.
“Até o mês passado, um juiz investigador de Curitiba, a capital de um dos menores estados do Brasil, o Sr. Moro ajudou a mudar a história. Como chefe da Lava Jato, ele ajudou a expor um esquema de suborno no qual os principais partidos políticos do Brasil retiravam dinheiro da Petrobras, a companhia petrolífera nacional. Ele prendeu alguns dos políticos e empresários mais corruptos do país, com repercussões por todo o continente, acostumado à impunidade dos poderosos”.
“Embora muitos eleitores de Bolsonaro esperassem que ele fosse nomeado para o Ministério, Moro diz que foi ‘surpreendido pela oferta’. Seguindo uma abordagem inicial dos membros da equipe de Bolsonaro entre os dois turnos da eleição presidencial, ele disse que o ‘convite’ só se tornou formal após a vitória do presidente”.
“Com alegações de corrupção contra alguns no círculo íntimo de Bolsonaro”, relata o jornal, “os críticos se perguntam se ele não fez um pacto faustiano”, citando Onyx Lorenzoni, chefe da Casa Civil de Bolsonaro, que está sob investigação sobre caixa dois na campanha eleitoral”.
O Financial Times aponta também as acusações contra Flávio Bolsonaro e seu assessor Fabrício Queiroz.