A Folha de S. Paulo revelou nesta quinta (18) que a campanha de Jair Bolsonaro está sendo beneficiada por empresários anti-PT que contrataram um serviço de disparo de mensagens de WhatsApp em massa para as vésperas da eleição.
Cada contrato custa uma média de R$ 12 milhões e configura financiamento ilegal, já que a legislação proíbe financiamento empresarial de campanha. A Havan, de Leonardo Hang, estaria entre as empresas, mas ele nega. A reportagem, de Patrícia Campos Mello, alerta que a ocorrência pode gerar uma ação por abuso de poder econômico e levar à cassação de Bolsonaro.
Segundo a matéria, além do financiamento empresarial em si ser ilegal, as empresas que compraram o pacote de disparo em massa podem ter incorrido em outro crime: a aquisição de banco de dados de terceiros, vendidas por agência de estratégia digital.
Esse banco de dados de terceiros pode ser formado por números de telefones vendidos, também ilegalmente, por empresas de cobrança ou por funcionários de empresas telefônicas.
De acordo com a apuração, cada mensagem no WhatsApp disparada para eleitores que estão na base de dados do candidato, que é regular, custa entre R$ 0,08 e R$ 0,12. Já as mensagens que usam a base de dados de terceiros custam mais caro: R$ 0,30 a R$ 0,40.
A Folha afirma que entre as empresas que estão prestando esse serviço de disparo em massa estão Quickmobile, Yacows, Croc Services e SMS Market.
A Croc Services, inclusive, foi a empresa que fez a campanha de Raul Zema. Na véspera do primeiro turno, diz o jornal, eleitores de Minas Gerais receberam mensagens colando Zema a Jair Bolsonaro. O candidato saiu do terceiro lugar nas pesquisas para o primeiro na urna, após a apuração.
Zema pagou R$ 200 mil à Croc e o diretório do partido Novo, outros R$ 165 mil.
A Folha diz que teve “acesso a propostas e trocas de email da empresa com algumas campanhas oferencedo disparos em massa usando base de dados de terceiros, o que é ilegal.”
Num primeiro momento, à Folha, o dono da Crocs Pedro Freitas não negou que tenha vendido base de contatos ilegal. “Quem tem de saber de legislação eleitoral é o candidato”, respondeu.
Depois, recuou e disse que só usou a base de dados da candidatura de Zema.
A EMPRESA DA CAMPANHA DE BOLSONARO
Ainda segundo a reportagem, quem faz a campanha de marketing digital, paga pela equipe de Bolsonaro, é a agência AM4. “Não há indício de que a AM4 tenha fechado contratos para disparo em massa”.
Ex-funcionários da AM4 disseram à Folha que a agência utiliza um serviço estrangeiro para burlar os limites impostos pelos WhatsApp em relação a disparo simultâneo de mensagens (o teto é 20 pessoas) e de número máximo de pessoas por cada grupo (256).
“As estimativas de pessoas que trabalham no setor sobre o número de grupos de WhatsApp anti-PT são muito vagas —vão de 20 mil a 300 mil— pois é impossível calcular os grupos fechados.”
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