O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), reafirmou a importância da Lava Jato, mas condenou as “extravagâncias jurídicas” da operação. O ministro se tornou alvo de impeachment pedido pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por decisão sobre a concessão de prisão domiciliar ao empresário Eike Batista, preso em uma das fases da investigação.
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Mendes criticou a utilização da técnica da prisão preventiva e chegou a dizer que a Lava Jato mantém “reféns” para continuar a ter apoio da população.
“O Supremo tem uma doutrina centenária que diz que a prisão preventiva tem limites. Ela será sempre temporária. E isso decorre da Constituição. No passado inclusive a execução da pena só começava após o exaurimento de todas as instâncias [do Judiciário]. O tribunal só aceitava a prisão provisória em caso de crimes violentos e na possibilidade de continuidade delitiva”, explicou, referindo-se à concessão de liberdade do ex-ministro José Dirceu.
“Como tem sido divulgado [por integrantes da Lava Jato], o sucesso da operação dependeria de um grande apoio da opinião pública. Tanto é assim que a toda hora seus agentes estão na mídia, especialmente nas redes sociais, pedindo apoio ao povo e coisas do tipo.É uma tentativa de manter um apoio permanente [à Lava Jato]. E isso obviamente é reforçado com a existência, vamos chamar assim, entre aspas, de reféns”, afirmou.
Sobre o caso Eike, ele fala em “confusão” por ter, anteriormente, negado habeas corpus ao empresário. “O ambiente, como se percebe, está confuso. Ao que estou informado, o escritório em que ela trabalha representa Eike Batista em processos cíveis, o que não tem nada a ver com o tema colocado. Nem cogitei de impedimento até porque não havia. Eu já tinha negado habeas corpus do Eike. E ninguém lembrou que eu poderia estar impedido. Isso mostra a leviandade e o oportunismo da crítica”, disse.