Líderes governistas pressionam o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), para influenciar na escolha do deputado que vai relatar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer (PMDB). Os governistas querem não só uma tramitação rápida do pedido, como esperam a indicação de um parlamentar alinhado com o Palácio do Planalto.
Na segunda-feira (26/6), no entanto, antes da apresentação da denúncia, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou, em evento em São Paulo, que cada deputado vai votar de acordo com sua consciência e é preciso ter “paciência”.
Ele disse também que não sabe qual será a decisão da Câmara. “Cada deputado vai votar com a sua consciência”, afirmou. O deputado disse que Temer tem maioria no Congresso, mas que é preciso esperar e ainda admitiu que as acusações são “graves”.
Na Câmara, as movimentações já começaram. Uma troca na CCJ foi realizada na segunda-feira, quando o Solidariedade decidiu tirar o deputado Major Olímpio (SP) da vaga de titular. Com um forte discurso de oposição, Major Olímpio foi substituído pelo líder da bancada, Áureo (RJ).
A CCJ é o colegiado responsável por votar a admissibilidade da denúncia na Câmara dos Deputados. Pacheco, que vem demonstrando independência em relação ao governo na condução dos trabalhos, avisou que quer um perfil técnico, com conhecimento jurídico e assíduo na comissão. “Minha posição é de independência, de não permitir influência do governo, nem de ninguém”, disse Pacheco.
Os governistas não querem ter “surpresas” na relatoria da denúncia. Padilha negou a interferência, mas o favorito dos governistas hoje para a função é Jones Martins (PMDB-RS), ex-prefeito de Gravataí e suplente do deputado licenciado Osmar Terra (PMDB-RS), hoje ministro de Desenvolvimento Social e Agrário.
Martins é um nome próximo de Padilha e apontado por alguns aliados como afilhado político do ministro da Casa Civil.
“Jones é um constitucionalista. Seria uma boa escolha”, disse o vice-líder da bancada do PMDB, Carlos Marun (MS). O deputado, que já sondou Pacheco e ouviu dele que fará uma escolha “meticulosa”, disse confiar na responsabilidade do presidente da CCJ. “Não é o momento para fazer pirotecnia.”
Trocas
Com a mudança, Major Olímpio vai para a suplência e não poderá ter seu voto contabilizado na análise da admissibilidade, a menos que um titular da bancada falte na sessão. Major Olímpio não só vinha fazendo críticas pesadas ao governo, como já havia anunciado que votará à favor da denúncia.Já o PSB não deve fazer alterações nos quadros da comissão, mas a direção do partido estuda fechar questão a favor da denúncia contra Temer. Como Danilo Forte (PSB-CE) e Fábio Garcia (PSB-MT) são governistas, a direção deve pedir para que eles deixem de votar. Metrópoles.com