Guiana acusa Venezuela de aumentar atividade militar na fronteira

A Guiana está preocupada com o aumento da atividade militar na fronteira com a Venezuela após o referendo de Caracas sobre a disputada região do Essequibo, mas o país permanece comprometido em proteger seu território, disse o vice-presidente da Guiana, Bharrat Jagdeo, nesta quarta-feira (13).

“Houve um aumento [das atividades] militares em nossa região de fronteira desde o referendo, e é por isso que estamos tão preocupados”, disse Jagdeo em uma entrevista ao Financial Times.

Ele acrescentou que a Guiana se defenderia “por todos os meios possíveis” se a Venezuela decidisse tomar uma ação hostil para mudar a fronteira. Ao mesmo tempo, o vice-presidente admitiu que os 4.070 militares da Guiana são amplamente superados pelos 351.000 da Venezuela.

“É exatamente por isso que estamos explorando essa cooperação de defesa mais forte com nossos aliados, incluindo os Estados Unidos da América… Acreditamos que temos capacidade para dissuadir a Venezuela e frustrar qualquer intenção agressiva contra nosso país”, disse ele.

O vice-presidente da Guiana acrescentou que o alívio das sanções dos EUA sobre as indústrias de petróleo, gás e ouro da Venezuela pode ter encorajado Caracas a agir mais agressivamente na questão do Essequibo.

No domingo, a mídia relatou que o presidente da Guiana, Irfaan Ali, e seu homólogo venezuelano, Nicolas Maduro, concordaram em se encontrar pessoalmente em 14 de dezembro para discutir a disputa territorial sobre o Essequibo.

Na semana passada, a Venezuela realizou um referendo no qual quase 96% da população votou a favor da incorporação da região do Essequibo ao país. Na quarta-feira, o presidente da Guiana disse que Georgetown estava considerando as ações de Caracas para incorporar o Essequibo, que compõe dois terços do território controlado pela Guiana, uma ameaça à segurança nacional do país e elevaria a questão ao Conselho de Segurança das Nações Unidas.

A Venezuela conquistou a independência da Espanha em 1845 e reconheceu o Essequibo como parte de seu território soberano. Em 1899, no entanto, o Reino Unido entrou com e ganhou uma reivindicação de arbitragem para reconhecer o Essequibo como parte de sua então colônia caribenha da Guiana Britânica. A Guiana independente citou esta Decisão Arbitral em sua ação de 2018 na Corte Internacional de Justiça contra a Venezuela, reivindicando a soberania sobre o território disputado.

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