Todas as capitais e regiões brasileiras estão com a vacinação contra o HPV (Papilomavírus humano) abaixo da meta estabelecida pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), revela estudo feito pela Fundação do Câncer e divulgado para marcar o Dia Mundial da Prevenção do Câncer de Colo do Útero, celebrado hoje.
A estimativa é que até 2030, o Brasil não deva atingir a meta necessária para a eliminação da doença. O levantamento tem como base os registros de vacinação do PNI de meninas entre 9 e 14 anos, no período de 2013 a 2021, e meninos de 11 a 14 anos, entre 2017 e 2021.
Em todo o Brasil, a cobertura vacinal da população feminina entre 9 e 14 anos alcança 76% para a primeira dose e 57% para a segunda dose. A adesão à segunda dose é inferior à primeira, variando entre 50% e 62%, dependendo da região.
Já na masculina, entre 11 e 14 anos, a adesão à vacinação contra o HPV é inferior à feminina no Brasil como um todo. A cobertura vacinal entre meninos é de 52% na primeira dose e 36% na segunda, muito abaixo do recomendado — cerca de 95%.
Regiões e capitais
Segundo especialistas, as regiões Norte e Nordeste, onde tem as maiores taxas de incidência de mortalidade por câncer de colo de útero, são as que tem menores coberturas vacinais. A Norte, por exemplo, apresenta a menor cobertura vacinal masculina, de 42% na primeira dose e de 28% na segunda, e feminina (50,2% na primeira e segunda dose).
O Sul, entretanto, de todas as regiões do país, foi a que mais se aproximou da meta estabelecida pela OMS na primeira dose em meninas — 87,8%. Porém, é também a que apresenta maior índice de não comparecimento na segunda dose: 25,8% entre as mulheres e 20,8% entre os homens
Segundo o estudo, entre as capitais, Belo horizonte é a que mais protegeu sua população contra o câncer de colo de útero no país com uma taxa de 72,8% com o esquema vacinal completo, e a única acima dos 90% com apenas uma dose da vacina. Em seguida, aparecem Curitiba, com 87,7% e 68,7% (dose inicial e reforço) e Manaus, com 87,0% e 63,2%.
O Rio de Janeiro teve índice vacinal de 72,1% na primeira dose e 49,1% na segunda; enquanto São Paulo, o índice também é baixo (76,5% e 59,8%). O pior cenário, contudo, é registrado em Rio Branco, no Norte do país: apenas 12,3% da população feminina tomaram as duas doses da vacina contra o HPV. Na primeira dose, foram 14,6%.
Vacinação no Brasil
No Brasil, a vacina está disponível no Programa Nacional de Imunizações (PNI) para meninos e meninas entre 9 e 14 anos, com duas doses separadas por seis meses. O Ministério da Saúde também oferece a vacina para pessoas de 9 a 45 anos que vivem com HIV/Aids, transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea e pacientes oncológicos. Para este público, o esquema é composto de três doses, com a segunda de um a dois meses após a primeira; e a terceira, seis meses após a primeira dose.
O principal risco de não estar protegido é porque 95% dos casos de câncer de colo de útero são relacionados ao HPV. Esse tipo de tumor é o terceiro maligno mais frequente na população feminina brasileira, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Nos homens, o vírus já foi associado ao câncer de pênis e de ânus, além do câncer de cabeça e pescoço em ambos os sexos. Ainda assim, embora seja comprovadamente eficaz para reduzir todos esses diversos tipos de tumores, a cobertura vacinal no Brasil está abaixo de 50% do público-alvo.
Uma nova pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) de 2019, que entrevistou 159.245 estudantes brasileiros de 13 a 17 anos, mostra que o principal motivo relatado pelos adolescentes para não terem se protegido é a desinformação. Quase metade (46,8%) disse que “não sabia que tinha que tomar”.
*Com informações da Agência Brasil