Sem o programa Inovar Auto, que sobretaxava compras de automóveis de fora do Mercosul e do México, a importação de automóveis cresceu 48% no primeiro trimestre de 2018 em relação ao mesmo período do ano passado, informou hoje (2) o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
Nos três primeiros meses do ano, o Brasil importou 50.876 veículos de passageiro, contra 34.342 unidades no primeiro trimestre de 2017.
Em valores, o país importou US$ 922 milhões em automóveis de passageiros de janeiro a março, alta de 76% na comparação com os US$ 540 milhões importados no mesmo período de 2017. Atualmente, o governo negocia um novo regime automotivo, o Rota 2030, que não foi anunciado até agora.
De 2012 a 2017, o Inovar Auto cobrou alíquota adicional de 30 pontos percentuais de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de veículos produzidos fora do Brasil. A exceção foram Argentina e México, com os quais o Brasil estabeleceu cotas de importação que podiam escapar da sobretaxa.
Com o término do Inovar Auto, no fim do ano passado, os demais países passaram a vender carros para o Brasil em condições de igualdade com México e Argentina. Mesmo assim, esses dois países concentraram 60% do crescimento das importações de veículos neste ano.
“Nossa análise mostra que a principal parcela do crescimento se dá em razão do aumento das compras internas, pois a origem são países que já têm acordo automotivo com o Brasil, como Argentina e México, e que não eram objeto de alíquota adicional”, disse o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Abrão Neto.
De acordo com Abrão Neto, entre os países sem acordo automotivo com o Brasil, que responderam pelos 40% de crescimento restante no primeiro trimestre, destacam-se a Alemanha, os Estados Unidos, a Coreia do Sul e o Japão.
O crescimento das importações em ritmo superior ao aumento das exportações fez o saldo da balança comercial recuar em março. No mês passado, o Brasil exportou US$ 6,281 bilhões a mais do que importou, queda de 12% em relação ao saldo positivo de US$ 7,136 bilhões em março do ano passado.
Para este ano, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços projeta superávit da balança comercial em torno de US$ 50 bilhões, abaixo do saldo positivo recorde de US$ 67 bilhões obtido no ano passado. Segundo Abrão Neto, o recuo deve-se à recuperação da economia, que está fazendo a população brasileira retomar o consumo de mercadorias importadas.
Apesar da alta nas importações de automóveis, o secretário diz que o crescimento das importações está sendo salutar porque parte da alta está se destinando à aquisição de bens usados na produção. Nos três primeiros meses do ano, a compra de bens de capital (máquinas e equipamentos) cresceu 18,2%, e a importação de bens intermediários (insumos) subiu 9,8% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Em contrapartida, a compra de bens de consumo subiu 18,8%.