Indígenas venezuelanos infectados no Brasil são salvos em Hospital da ONU

Um hospital de campanha montado em Boa Vista, Roraima, no norte do país, salvou indígenas venezuelanos infectados pelo novo coronavírus, informou hoje o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

“Achei que fosse morrer”, disse Dialisa Mata, de 25 anos, mãe de três filhos, indígena da etnia warao, da Venezuela, que contraiu a Covid-19 enquanto vivia num abrigo lotado em Boa Vista, segundo uma reportagem publicada no ‘site’ do ACNUR.

“Comecei a chorar muito porque estava com tanto medo”, acrescentou a indígena, que também se preocupava em passar a doença para outras pessoas no abrigo onde ela e sua família moraram desde que fugiram da Venezuela, em 2018.

Com o aprofundamento da crise na Venezuela, milhares de indígenas da etnia warao, se juntaram a cerca de cinco milhões de venezuelanos que fugiram da escassez generalizada de alimentos e remédios, da inflação galopante e da insegurança doméstica no seu país.

Estima-se que 3.300 indígenas procuraram segurança no Brasil, junto com cerca de 1.700 outros venezuelanos indígenas de outros grupos étnicos como os pemon, e’ñepa e kariña.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, mais de 70 mil casos de covid-19 e pelo menos duas mil mortes provocadas pela pandemia foram relatados entre a população indígena mundial no início de julho.

A Organização Pan-Americana da Saúde informou que quase 8.000 casos de covid-19 e 177 mortes foram relatados entre indígenas que vivem apenas no Brasil.

Para salvar estas vidas, o ACNUR, agência da Organização das Nações Unidas (ONU), apoia um hospital de campanha em Boa Vista, que tem capacidade para tratar e isolar até 1.782 pacientes confirmados e suspeitos de covid-19.

Até ao momento, 625 venezuelanos e muitos brasileiros – inclusive indígenas – receberam atendimento neste hospital.

O ACNUR tem conhecimento de pelo menos 19 mortes relacionadas com a covid-19 entre os refugiados, dos quais nove eram venezuelanos indígenas.

A agência estimou que mais da metade dos refugiados indígenas e migrantes no Brasil receberam algum tipo de apoio, incluindo bens de socorro de emergência, abrigo e acesso a cuidados de saúde – uma provisão vital na pandemia do novo coronavírus.

“A saúde é uma grande prioridade para ajudar a apoiar as comunidades indígenas”, disse José Egas, representante do ACNUR no Brasil.

“É uma das formas em que o ACNUR está trabalhando lado a lado com a ‘Operação Acolhida’ do Governo brasileiro, que oferece assistência na recepção e integração local de refugiados e migrantes venezuelanos e é reconhecida como um exemplo a ser seguido por outros países da região”, concluiu.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de infectados e de mortos (mais de 3 milhões de casos e 101.049 óbitos), depois dos Estados Unidos da América.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 731 mil mortos e infectou mais de 19,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP. Fonte/Notícias ao Minuto

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