Íntegra do texto publicado pelo jornalista Hiel Levy em seu blog (http://www.blogdohiellevy.com.br)- O prefeito Artur Neto (PSDB) vem endurecendo nos últimos dias o discurso sobre uma possível candidatura de seu vice, Hissa Abraão (PPS), a governador em 2014.
Se antes ele tratava do assunto como uma possibilidade, agora não quer nem ouvir mais falar nele e já disse que, se o jovem político insistir em ser candidato, não terá o seu voto. Tudo porque já assumiu um compromisso com a deputada Rebecca Garcia (PP), que será sua candidata a governadora.
Na realidade, Artur morre de ciúmes do vice. Tem agido na prefeitura para abafá-lo. Isso porque Hissa é muito mais jovem, tem muito mais futuro e é cortejado nas ruas, tanto ou mais que o velho político.
Artur sabe que Hissa foi fundamental em sua eleição. Se não fosse a adesão do socialista à sua chapa, dificilmente ela teria decolado sequer para o segundo turno em 2012.
O prefeito também é muito bem informado sobre as idas e vindas do poder em Brasília. Sabe que Eduardo Campos (PSB) se movimenta melhor que Aécio Neves (PSDB), seu candidato a presidente. E foi previamente informado de que o PPS, partido de Hissa, sairia da órbita tucana para apoiar o governador de Pernambuco. Também soube que o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, conta com a candidatura do vice-prefeito no Amazonas, como uma das apostas mais certeiras da legenda. Só que Artur quer ter o controle dos dois palanques presidenciais no Amazonas e já tinha acertado isso com o ex-prefeito Serafim Corrêa, que comanda o PSB no Estado. A nova aliança, entretanto, deu a Campos a real possibilidade de ter um palanque só seu no Estado e isso atrapalharia os planos de Rebecca. Por isso o alcaide endureceu o discurso contra a candidatura de seu vice.
A estratégia de lançar múltiplas candidaturas para enfrentar Eduardo Braga (PMDB) nas eleições do ano que vem naufragou por causa dos riscos que surgiram. O vice-governador José Melo (Pros), por exemplo, foi com muita sede ao pote, atropelou Rebecca dentro do governo e se mostrou inconfiável para a dupla Omar Aziz (PSD) – Artur Neto. A popularidade de Hissa, que chegou a ultrapassar a deputada nas pesquisas, assustou a dupla, que chegou à conclusão de que os dois não serviam para o projeto.
Artur está convencido de que Rebecca é a melhor alternativa, porque seria mais “controlável”, uma vez eleita. Omar também tem essa convicção, mas morre de medo de embarcar na canoa da deputada e esta naufragar, com a vitória de Braga. Por isso, reaproximou-se do senador e passou a cogitar o apoio a ele, ainda mais depois que o cofre do Estado furou.
Percebendo a claudicância de Omar, Rebecca renunciou ao cargo de secretária de governo, retomou o mandato e colou em Artur. Agora, vê a sombra de Hissa crescer à sua volta, mas acredita no compromisso do prefeito, que lhe garantiu tirar o vice da disputa.
Hissa, entretanto, só abriria mão da disputa se o próprio Artur decidisse ser candidato a governador e tem dito nos bastidores que, se isso ocorrer, vai “virar um dínamo para ajudar na vitória em Manaus”.
Muita água ainda vai rolar debaixo dessa ponte.