O estado de submissão e dependência do Poder Legislativo, obsessivamente obediente aos caprichos infames da autoridade exercida pelo poder executivo, na pessoa de José Melo, nunca foi tão pegajoso como na atual conjuntura política enquanto representado pelo deputado Josué Neto.
Alguma novidade nisto? Nenhuma, é claro. Afinal de contas tudo isso tem a ver com o perfil do jovem parlamentar, Josué Neto.
Senão, exerceria com independência e autonomia a presidência da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam).
Não há, portanto, o menor resquício de dúvidas de que Josué Neto não passa de um fantoche, de acanhado títeres nas mãos do governador Melo, a quem deve obediência cega.
Os anais da Aleam estão lá, vivos, bem guardados, espera-se, e podem atestar o tamanho da fragilidade de do espírito público do mancebo, que na última quinta-feira, 11, se amesquinhou aos pés do chefe na tentativa de livrá-lo de um grande vexame.
Infelizmente, não conseguiu, embora tenha colocado em prática por diversas vezes o seu poder de censura para impedir que o depoimento da professora Gleice Antônia de Oliveira, que ocupava a tribuna da Aleam, se completasse.
E por que cassar, embora educadamente, como se pode ver no vídeo, a palavra da professora Gleice?
Muito simples.
A professora, que representava o Movimento dos Professores do Amazonas, em audiência pública proposta pela deputada Conceição Sampaio, interessada em saber detalhes sobre a exigência do estágio probatório, aproveitou o espaço, dito do povo, para falar o que já é mais do que conhecido de todo o mundo.
– Quero de dizer, a vocês, que as escolas de Manaus e do estado do Amazonas não funciona a internet. Gostaríamos de dizer que, ao contrário da propaganda governamental, não existe internet nas escolas, dizia a professora.
A declaração foi apenas a introdução de um discurso, que poderia ser esclarecedor e útil não só ao presidente do Poder, mas também para todos os parlamentares. Mas não terminou.
– Eu solicito a senhora oradora que está ocupando a tribuna que se limite ao tema do qual nós estamos
tratando”, ponderou Josué Neto.
– Eu estou tratando desse assunto, esclarece.
– Por favor, excelência, limite-se ao tema, insistiu Neto.
– Se o senhor tiver paciência e me ouvir…
E prosseguiu a professora sem perder o tom.
Ela disse, por exemplo, que o professor, ao contrário da propaganda do governo, é obrigado a pagar a internet ou não terá acesso ao estágio probatório. Disse ainda que, respeitadas as exceções, tudo é caótico nas escolas públicas.
“Se tem impressora, não tem tinta. Se tem tinta, não tem papel”, comentava.
Mas Josué voltou a censurá-la de forma trágica, deselegante, anti-republicana, anti-democrática.
Fazer o que?
A professora foi convidada a deixar a tribuna justamente no momento que tratava da inclusão, da dificuldades da escola em relação ao aluno especial, da falta de assistente social e psicólogo, entre outros.
” É lamentável que na casa do povo não se possa dizer isso”, finalizou.