O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos decorrentes da Operação Lava Jato na primeira instância, determinou hoje (17) a suspensão do inquérito instaurado pela Polícia Federal (PF) para investigar o conteúdo de um bilhete escrito pelo presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, para os advogados dele logo após ser preso no mês passado. No bilhete, o empreiteiro escreveu “destruir e-mail sondas RR”, entendido pela PF como tentativa de destruição de provas.
A pedido da Ordem dos Advogados (OAB) do Paraná, Moro decidiu suspender o inquérito para que seja apurado se houve violação do sigilo profissional por parte da PF ao apreender o material. “Por ora, em vista das questões colocadas e por cautela, determino à autoridade policial que suspenda a tramitação do referido inquérito, até decisão deste juízo”, diz Moro no despacho publicado na tarde de hoje.
“Relativamente à autoridade policial responsável pela condução do presente feito, comunique-se que, até que este juízo delibere sobre as questões pendentes, deverá abster-se de qualquer referência ao bilhete no relatório e conclusão do inquérito relativo aos supostos crimes de cartel, ajuste de licitação, corrupção e lavagem da Odebrecht”, diz outro trecho da decisão.
Para os investigadores que interceptaram o bilhete, a mensagem de Marcelo Odebrecht referia-se a uma troca de e-mails com Roberto Prisco Ramos, executivo da petroquímica Braskem, controlada pela Odebrecht.