Justiça nega bloqueio de redes de Nino Abravanel, réu por homicídio

Reprodução/Redes sociais

São Paulo — A Justiça negou o pedido da Polícia Civil de São Paulo para bloquear as redes sociais de Deivis Elizeu Costa Silva, conhecido como Nino Abravanel, de 18 anos, e seu irmão, Derik Elias Costa Silva, de 20. Ambos são réus por homicídio do pedreiro Tarcísio Gomes da Silva, de 32 anos, sob a suposta motivação de se vingarem da morte do avô, em maio deste ano.

Na decisão dessa quinta-feira (8/8), a juíza Isabel Begalli Rodriguez escreveu que “os fatos narrados na representação não guardam conexão com o delito apurado nos presentes autos”, indicando que o pedido da polícia não tem relação com o crime de homicídio.

“Entendendo a Autoridade Policial pela ocorrência de possíveis ilícitos, deverá instaurar inquérito policial próprio, perante o Juízo competente”, decidiu a juíza Isabel Begalli na 3ª Vara do Júri.

Além disso, a juíza indicou que a suposta utilização da rede social para localizar a vítima de homicídio precisa ser apurada. “É questão que pende de apuração sob o crivo do contraditório e da ampla defesa”, escreveu Rodriguez. “Ademais, trata-se de fato que não guarda contemporaneidade com a representação ora formulada.”

Por fim, a juíza afirmou que “já foram aplicadas medidas cautelares diversas neste processo, não se vislumbrando, ao menos neste momento, a necessidade da aplicação da medida pretendida pela Autoridade Policial”, indeferindo o bloqueio das redes sociais dos acusados Deric e Deivis.

Denúncia na Justiça

Em 17 de julho, Nino Abravanel e mais cinco suspeitos viraram réus pela morte de Tarcísio, por “vingança”.

A polícia acredita que eles cometeram o crime após a vítima agredir o avô dos irmãos, que morreu no dia seguinte. Nino seria o encarregado por dirigir o carro de fuga.

Até o momento, a juíza não viu necessidade da prisão dos envolvidos e negou o pedido de prisão preventiva. “Seja para garantia da ordem pública, seja para a conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, pese embora a extrema gravidade do crime imputado aos denunciados”, escreveu.

A defesa dos irmãos comemorou. “Desde o início, nossa equipe de defesa dedicou-se incansavelmente a demonstrar não apenas a ausência de fundamentos sólidos para uma eventual acusação, mas também a flagrante desproporcionalidade de qualquer medida restritiva ao direito fundamental à liberdade de Nino e Deric”, disseram seus advogados.

Relembre o caso

A Polícia Civil apresentou no dia 11 de julho, o relatório final do inquérito e pediu a prisão preventiva do influencer pelo assassinato do pedreiro Tarcísio Gomes da Silva, 32, ocorrido em maio. No relatório final de investigação, obtido pelo Metrópoles, o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) afirmou que as imagens extraídas “demonstraram claramente a participação de todos os envolvidos na dinâmica do crime”.

De acordo com a investigação, Nino Abravanel teria sido responsável por dirigir o veículo usado no crime. No carro, também estavam Derik, Eberton Salles de Lima, Enrico Jonatan da Silva Leal e Júlio César de Souza Alves. O último acusado é Pablo Lyncoln Lira da Rocha, que teria atuado como “olheiro” em uma motocicleta, segundo a polícia.

“Tanto Deivis como Derik são influenciadores digitais com muitos seguidores, além de trabalharem na ‘Plataforma do Tigrinho’”, registra o relatório. Para os investigadores, também haveria chance de os suspeitos usarem as redes sociais para “se vitimizarem e captarem cada vez mais seguidores, transformando o cometimento de um crime de homicídio em um espetáculo ‘circense’”.

O influenciador de 18 anos tinha 5 milhões de seguidores no Instagram até ter sua conta desativada.

Um vídeo com imagens de uma câmera de monitoramento de um posto de gasolina mostram o momento em que o pedreiro Tarcísio Gomes da Silva é morto a tiros na Estrada do M’Boi Mirim, na zona sul da capital, no último dia 19 de maio.

Nas imagens, Tarcísio aparece caminhando com uma camisa do São Paulo Futebol Clube próximo a um ponto de ônibus, quando é surpreendido por um homem que chega correndo por trás e o derruba no chão. No vídeo, é possível ver pequenos clarões, que seriam disparos de arma de fogo. Tarcísio foi baleado 11 vezes e morreu no local. Com informações de Metrópoles.

Artigo anteriorSinésio Campos comemora decisão judicial que proíbe instalação dos ‘medidores da vergonha’
Próximo artigoLula decide devolver relógio de luxo após decisão do TCU