Os ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G-20 (grupo das dezenove maiores economias do mundo e a União Europeia) se reúnem no final de semana pela terceira vez neste ano. O encontro, na capital argentina, Buenos Aires, é o primeiro desde que a guerra comercial se intensificou, com os Estados Unidos aplicando tarifas as importações chinesas e a China retaliando – algo que pode ter repercussões em países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Na abertura, a diretora do FMI, Christine Lagarde, que na sexta-feira (20) à noite se reuniu com o presidente da Argentina, Mauricio Macri, mostrou confiança na política econômica do país. “As políticas estão sendo implementadas e os objetivos são alcançáveis”, disse Lagarde. Ela admitiu que o índice inflacionário alcançou “um ponto alto” em junho e que “houve conversas” sobre isso – já que a meta de inflação para este ano é de 32%. “Mas o programa está sendo cumprido” e “houve progressos”, assegurou, ao prever que a economia “vai melhorar em 2019 e 2020”.
Lagarde manifestou confiança em relação à capacidade do governo argentino de cortar gastos e cumprir com a meta de reduzir o déficit fiscal a 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano e 1,3% em 2019.
Protestos
Um forte esquema de segurança foi montado em Buenos Aires para acolher as delegações, em meio a protestos convocados por organizações sociais de esquerda e sindicatos, contra o acordo stand-by de US$ 50 bilhões, assinado pela Argentina com o Fundo Monetário Internacional (FMI). O dinheiro, liberado em parcelas trimestrais, estará disponível para ajudar o país anfitrião do G-20 a superar a crise cambial, desde que cumpra com determinadas metas. Entre elas, a redução da inflação, que de junho de 2017 até junho passado chegou a 29,5% (superior à meta do FMI de 29%).
Os protestos contra o FMI e a presença de Lagarde na reunião do G-20 começaram na sexta-feira (20) e continuaram no sábado (21), interrompendo o trânsito em Buenos Aires. A maioria dos argentinos associa o FMI a programas de ajuste, que contribuíram para agravar a recessão na década de 1990 e resultaram na moratória da divida, na queda de sucessivos governos e na crise de 2001 – a maior da história recente do país.
O governo argumenta que o empréstimo permitiu que o país controlasse a escalada do dólar – provocada por fatores externos, como, a decisão dos Estados Unidos de aumentar as taxas de juros. A Argentina também enfrentou uma seca, que prejudicou suas exportações agrícolas, mas – antes disso – Macri não tinha conseguido cumprir duas promessas de campanha: reduzir a inflação de dois dígitos e atrair investimentos estrangeiros. Ele sim vai ter que cortar as obras de infraestrutura, que programou para gerar empregos e reativar a economia, para reduzir o déficit fiscal.
Encontros bilaterais
A agenda do encontro de dois dias prevê debates sobre formas de atrair o capital privado para investir em infraestrutura e fomentar o comércio multilateral e o desenvolvimento. A proposta e reduzir, ate 2035, o déficit global em infraestrutura que chega as US$ 5.5 trilhões. Outros temas são sistemas impositivos internacionais e regulamentações financeiras. O G-20 também é oportunidade para encontros bilaterais.
O ministro da Fazenda brasileiro, Eduardo Guardia, vai se encontrar com o chanceler do Erário do Reino Unido, Phillip Hammond, e os ministro das Finanças da Turquia, Berat Abayrak, e dos Paises Baixos, Wopke Hoekstra, além da ministra de Economia, Industria e Financas da Espanha, Nadia Calviño.
O tema que preocupa a todos é a guerra comercial iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao aplicar tarifas de 25% sobre US$ 34 bilhões de importações da China. O governo chinês retaliou, com medidas parecidas. Agora Trump anunciou que pode dar um passo além, aplicando tarifas de 10% a outros US$ 200 bilhões de produtos chineses.
Trump também ameaça taxas a importação de veículos da União Europeia. Agência Brasil