De acordo com as conversas, os procuradores queriam incluir FHC no rol de investigados para acalmar o ânimo dos críticos;, mas desistiram ao verificar que as provas poderiam ser classificadas como crime tributário e não corrupção e reforçariam os argumentos de defesa do ex-presidente Lula
247 – Novo trecho das conversas entre o ex-juiz Sergio Moro e os procuradores de Curitiba, divulgados pelo The Intercept, revela a preocupação da Lava Jato em demonstrar “imparcialidade” das investigações.
Depois de ser enquadrado por Moro que não gostou de saber que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) estava na mira das investigações, Dallagnol questionou os procuradores num grupo chamado Conexão Bsb-CWB, que reunia procuradores de Brasília e Curitiba, já que o caso estava em Brasília e as provas foram adquiridas por Curitiba.
De acordo com as conversas, os procuradores queriam incluir o PSDB no rol de investigados para acalmar o ânimo dos críticos. Em uma conversa no dia 17 de novembro de 2015, pontanto bem antes da conversa que Moro teve com Dallgnol (2017), o procurador Roberson Pozzobon sugeriu investigar, num mesmo procedimento, pagamentos da Odebrecht aos institutos de Lula e FHC.
“Assim ninguém poderia indevidamente criticar nossa atuação como se tivesse vies partidário”, justificou Pozzobon. “A da LILS [empresa que agencia as palestras de Lula] vocês já sabem os indícios para a investigação, mas vejam essa fratura expostas da Fundação iFHC”, disse ao grupo.
Na conversa de Moro, ele se referia a notícia na imprensa sobre caixa 2 nos anos 1990, que de fato prescreveram. Mas os pagamentos apontando por Pozzobon não estariam prescritos, caso fossem propina.
Pozzobon sugeriu ao grupo aprofundar a investigação sobre as doações. Mas a euforia dos procuradores durou pouco. Alguns deles ficaram preocupados que o fato poderia ser classificado como crime tributário, reforçando os argumentos de defesa do ex-presidente Lula.