Leilão da 15ª rodada foi espetacular e marca retorno da Bacia de Campos, diz ANP

O diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone, comemorou o resultado da 15ª Rodada de Licitação de blocos para exploração e produção de petróleo em bacias sedimentares brasileiras. Oddne disse que a rodada foi espetacular, pela diversidade geográfica dos blocos arrematados e pelo interesse do mercado na Bacia de Campos.

“Foi espetacular e mostra o potencial que temos no Brasil para atrair investimento e gerar arrecadação e riqueza quando fazemos as coisas certas”, afirmou Oddone. “A grande notícia do ponto de vista de interesse das companhias é a diversidade de operadores e o interesse pela Bacia de Campos”.

De acordo com o diretor-geral da ANP, a retomada dos investimentos na Bacia de Campos começou na 14ª Rodada e é uma “notícia extraordinária” para o estado do Rio de Janeiro.

Ele defendeu a possibilidade de ofertar permanentemente blocos que estejam localizados no polígono do pré-sal e já tenham sido ofertados em leilão.

Atualmente, esses blocos não podem ser disponibilizados em oferta permanente, e a mudança necessitaria de aprovação do Conselho Nacional de Política Energética. Para Oddone, essa possibilidade aceleraria a retomada na Bacia de Campos, que era considerada uma área em declínio.”Uma das grandes conclusões desse leilão é o interesse das principais companhias do mundo para a exploração da Bacia de Campos e traz para o Rio de Janeiro um protagonismo que o estado já teve e que esperamos que recupere.”

O leilão dos blocos marítimos rendeu R$ 8,014 bilhões em bônus de assinatura e teve 47% dos blocos arrematados. As empresas estrangeiras tiveram forte presença na 15ª Rodada, que atraiu algumas gigantes como a ExxonMobil, a Shell, a Repsol e a Statoil.

Os 21 blocos terrestres ofertados, no entanto, não receberam propostas. Segundo Oddone, a falta de ofertas foi influenciada pela política de desinvestimentos da Petrobras, que abriu oportunidades para que empresas do setor comprem unidades já em produção. “As empresas estão divididas entre os riscos exploratórios e os desinvestimentos da Petrobras.” Oddone disse acreditar que, cada vez mais, os blocos em terra sejam ofertados de forma permanente, em vez de ocuparem leilões como o de hoje.

O secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, Márcio Félix, considerou o leilão desta quinta-feira o melhor entre todos os realizados pela ANP. Félix admitiu que sua expectativa estava reduzida depois da retirada de dois blocos do leilão, por decisão do Tribunal de Contas do União (TCU), e atribuiu o resultado do certame a mudanças regulatórias e ao diálogo com o setor.

“Desde a Rodada 1, esta foi a rodada de maior sucesso, e entendo isso como uma resposta da indústria internacional e da nossa Petrobras.”

Protesto

Antes do leilão dos blocos em terra, manifestantes contrários ao fraturamento hidráulico e à extração do gás de xisto protestaram contra a adoção dessas medidas exploratórias no Brasil.

O fundador da Coalizão Não Fracking Brasil, Juliano de Araújo, destacou que esse tipo de exploração e produção em terra ameaça o meio ambiente e já é restringido em algumas partes do mundo. “Vivemos um momento de transição energética e, garantidamente, o gás de xisto não é o que queremos”, afirmou Araújo, que falou antes do início da segunda etapa do leilão.

Já o presidente da ANP afirmou que o mundo, de fato, vive um momento de transição para uma economia de baixo carbono, mas disse acreditar que ainda não é possível prescindir do petróleo. “É importante para um país com o grau de pobreza e de miséria que nós temos que a gente utilize essa riqueza”, disse Oddone, que defendeu um debate técnico sobre o assunto.

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