Crianças no interior do Amazonas abandonam a escola antes de completarem 10 anos.
A última edição do “Fantástico”, exibido aos domingos pela Rede Globo de Televisão, abordou com especial alarde a situação pra lá de caótica das escolas em alguma
região do nordeste.
A Globo fez que deveia fazer.
Infelizmente, as lentes da Globo não focalizaram o interior do Amazonas, que assiste e vive o descalabro da educação que, rigorosamente, não oferece as mínimas condições para o aprendizado.
Nas comuniades ribeirinhas do interior do Amazonas milhares de crianças jamais pisaram em uma sala de aula seja por falta de escola ou de estímulo para chegar a mais próxima da comunidade em que vive.
As grandes distâncias e falta de transporte regular (fluvial), estão entre as causas que mais contribuem para afastá-las da sala de aula.
“É muito difícil segurar uma criança cansada e com fome na escola. Elas vêm no primeiro mês, no segundo, no terceiro, mas não voltam pra concluir o segundo semestre”, comenta a professora do Gume do Facão, na região do Rio Juruá.
Além de cansados e com fome, o padrão das escolas do beiradão amazônico são inóspitas, não oferecem as mínimas condições de conforto à sua rarefeita clientela.
Todas, sem exceção, são pobres, deficientes, rudimentares – taperas quase sempre de chão batido, cobertas de palha, com um único vão onde crianças buscam a todo custo o conhecimento, a educação.
A maioria delas, as escolas, sequer tem sanitário.
Água potável para beber só quando chove e a professora, com a ajuda da meninada, consegue aparar em um vasilhame qualquer.
Durante as aulas, os alunos suam como chaleira por falta de venlidação.
“Tudo isso interfere no aprendizado do aluno. O calor é muito forte e faz com ele se distraia ou durma. A gente se esforça, mas os resultados não são os melhores”, destaca a professora, que criticou a falta de iluminação e alimentos para merenda escolar.
Quanto a falta de banheiro, a humilde professora baixou a cabeça e completou: “vão para o mato e fazem suas necessidades como gato”.
Apesar das dificuldades, algumas crianças conseguem mudar de série no final do ano letivo.
Mas, por falta de opção para completar o ensino, a grande maioria fica sem estudar antes de completar 10 anos.