Levy reclama de ‘fogo amigo’ e deve deixar o Ministério da Fazenda

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse a interlocutores que pretende deixar o cargo no fim do ano, caso o “fogo amigo” contra ele continue dentro do governo e no PT. Levy está muito irritado com as críticas que vem sofrendo por parte do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do partido e, em conversas reservadas, avalia que sofre uma espécie de “ataque especulativo”, o que prejudica até mesmo a aprovação do ajuste fiscal pelo Congresso.

Nos últimos dias, Lula intensificou o bombardeio na direção de Levy. Em jantar com a presidente Dilma Rousseff, na quinta-feira, Lula voltou a dizer que o titular da Fazenda tinha “prazo de validade”, expressão usada por ele em outras ocasiões para expressar o descontentamento com o comandante da economia. Dilma, porém, resiste a trocar Levy por achar que a demissão criará mais instabilidade no governo.

Depois de convencer a cúpula do PT a não pedir a cabeça do ministro da Fazenda em resolução aprovada pelo 5.º Congresso do partido, em junho, Dilma assistirá a mais um capítulo da revolta petista. Em reunião marcada para o próximo dia 29, o Diretório Nacional do PT promete pedir a demissão de Levy e propor uma guinada na política econômica.

Ex-secretário do Tesouro Nacional no governo Lula, apelidado pelos desafetos de “Levy, mãos de tesoura”, o ministro da Fazenda anda muito desgostoso com a falta de solidariedade no governo. Está se sentindo “isolado”. Ele não apresentou carta de demissão nem se queixou com Dilma, mas não escondeu o aborrecimento com as estocadas públicas de Lula. Na terça-feira, por exemplo, o ex-presidente afirmou, no Congresso da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que Dilma tinha adotado o discurso da campanha adversária.

Na reunião com deputados do PT, na quinta-feira, Lula também bateu na tecla de que o governo precisava trocar a agenda de cortes pelo crescimento econômico e distribuição de renda.

 

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