247 – O bolsonarismo está implodindo. Ao defender a saída do senador Flávio Bolsonaro (RJ) do PSL, o senador Major Olímpio (SP) falou como uma espécie de “porta-voz” de um grupo que sonha com uma chapa entre o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e a deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP) na eleição presidencial de 2022. A informação é da Coluna do Estadão. A declaração é mais um reflexo das dificuldades de Jair Bolsonaro em se articular com o seu próprio partido em um contexto no qual ele amarga sua reprovação (38%) superar a sua aprovação (29%), de acordo com números do Datafolha divulgados no início deste mês. A desavença ocorre justamente com um parlamentar que é líder do governo no Senado.
Ao justificar a sua posição de querer o filho do ocupante do Planalto fora do PSL, Major Olímpio afirmou ao jornal paulista que Flávio fez “vergonha” ao não assinar o requerimento de criação da CPI da Lava Toga. A Comissão Parlamentar de Inquérito investigaria suposto ativismo judicial e outras condutas ilegais do Supremo Tribunal Federal.
“Nós que representamos a bandeira anticorrupção do Presidente. Eu tentei convencê-la (senadora Juíza Selma, que após ser agredida por Flávio Boslonaro está deixando o PSL para se filiar ao Podemos) a ficar e resistir conosco. Quem tem que cair fora do PSL é o Flávio, não ela. Gostaria que ele saísse hoje mesmo”, disse (veja aqui).
Em entrevista à Veja, a senadora do PSL-MT disse que por telefone Flávio berrou para a parlamentar não assinar requerimento da CPI: “Vocês querem me foder! Vocês querem foder o governo!”, disse ele.
O presidente nacional do partido, deputado Luciano Bivar (PE), havia escalado Flávio Bolsonaro para entrar na articulação contra a criação da CPI da Lava Toga. O filho do presidente Jair Bolsonaro é o único dos quatro senadores do PSL que não assinou a petição pela abertura da comissão.
O congressista passou a entrar na mira do Judiciário após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificar um envolvimento do parlamentar em um esquema de corrupção na Assembleia Legislativa do Rio.
Segundo o órgão, Fabrício Queiroz, que era assessor de Flávio, fez uma movimentação atípica de R$ 7 milhões de 2014 a 2017. Queiroz liderava um esquema de lavagem de dinheiro. Recentemente, o presidente do STF, Dias Toffoli, suspendeu as investigações contra o senador ao proibir o compartilhamento de dados pelo Coaf sem autorização judicial.
A declaração de Major Olímpío sobre uma chapa para 2022 tendo Moro com um de seus candidatos já aponta para um desgaste que envolve o principal ministro do atual governo. Recentemente, Jair Bolsonaro tem desagradado a Moro ao interferir em órgãos como a Receita Federal. Por sua vez, o ministro perdeu muita capilaridade política por causa das irregularidades da Lava Jato que vêm sendo reveladas pelo site Intercept Brasil. Ele julgava os processos da operação em primeira instância.