Luto e manifestações em Nova York contra abusos policiais

Centenas de nova-iorquinos são aguardados neste sábado no velório de um jovem pai de família negro morto por um policial branco, após o terceiro dia consecutivo de manifestações em todo o país.

O caso gerou comoção em todo o país: um homem de 28 anos, Akai Gurley, foi morto em 20 de novembro “por acidente” por um jovem policial branco em uma escadaria mal iluminada no Brooklyn.

Uma cerimônia em uma igreja batista neste distrito de Nova York, programada para às 11h00 (14h00 no horário de Brasília) deve atrair centenas de pessoas, entre familiares da vítima e manifestantes consternados com a conduta da polícia neste caso e em uma série de outros que chocaram o país nos últimos meses, reavivando as tensões raciais.

A justiça de Nova York anunciou na sexta-feira a convocação de um grande júri para decidir se o agente da polícia, Peter Liang, deve ser levado ao tribunal ou não. Este tipo de júri é uma assembleia de cidadãos americanos encarregados de decidir se uma acusação deve ou não ser levada adiante com base nos resultados da investigação.

O líder das forças da ordem de Nova York, Bill Bratton, ressaltou no dia seguinte à morte de Akai Gurley que tratava-se de um “tiro acidental” e que a vítima era totalmente inocente.

“Ele não fez nada de errado, era um homem bom, que amava sua família, amava sua filha”, declarou a mãe de Akai, Sylvia Palmer.

O representante da família, Kevin Powell, relacionou a morte do jovem às de vários outros negros mortos pela polícia nas últimas semanas: “Infelizmente, acreditamos que o caso se parece com uma série de linchamentos modernos”, afirmou.

Apple Store invadida

Vários casos policiais se sobrepõem desde o verão e têm alimentado um movimento crescente de protestos em todo o país para exigir uma reforma dos métodos utilizados pela polícia e do sistema penal em geral. Para os manifestantes, a polícia muitas vezes usa de força excessiva contra os negros, mas raramente responde por seus atos no tribunal.

Parlamentares e personalidades afro-americanas denunciam um sistema injusto e racista que desproporcionalmente atinge a minoria negra.

As três noites consecutivas de manifestações –em Nova York e outras grandes cidades americanas– foram desencadeadas pela decisão na quarta-feira de outro júri de não levar à justiça um policial branco em outro caso em Staten Island, Nova York.

Um pai de família negro de 43 anos, Eric Garner, suspeito de venda ilegal de cigarros em Nova York, foi morto em julho passado em uma calçada depois de ser brutalmente interpelado pela polícia e asfixiado por um dos agentes. Ele morreu de asfixia após gritar “eu não posso respirar”, uma morte filmada e cujas imagens rodaram o mundo.

Durante três noites, centenas de pessoas se reuniram para protestos em vários locais de Nova York, como no Grand Central Station e na loja da Apple na Quinta Avenida. Em Washington, na sexta à noite, centenas se reuniram no bairro da Casa Branca, bloqueando ruas, sentado ou deitado no meio de cruzamentos para bloquear o tráfego, sem incidentes.

Manifestações também foram realizadas em Chicago, Boston, New Orleans e, pela primeira vez, Miami.

“Estamos diante de problemas que são verdadeiramente de âmbito nacional e que ameaçam todo o país”, reconheceu recentemente Eric Holder, o ministro da Justiça, ele próprio um negro.

O presidente Barack Obama pediu calma em várias ocasiões e lançou pistas sobre possíveis reformas, incluindo o uso generalizado de pequenas câmeras conectadas ao uniforme da polícia para filmar qualquer intervenção.

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