O terremoto de magnitude 5,3 na área costeira de Portugal, nesta segunda-feira (26/8), o maior desde 1969, fez o mundo relembrar o mais forte tremor de terra sofrido pelo país europeu. O abalo aconteceu em 1º de novembro de 1755, deixando de 10 mil a 30 mil de mortos, e a cidade de Lisboa completamente destruída.
O reverendo Charles Davy, à época, contou que “nunca se viu uma manhã mais bonita do que a de 1º de novembro”, levando as pessoas a pensarem em punição divina.
Vic Echegoyen , autor do romance histórico Ressuscitar, afirmou que o impacto daquele terremoto foi traumático para Portugal.
“Era uma metrópole, a capital de um império colonial mundial que se estendia da África (com Angola, Moçambique e Cabo Verde), passava pela Ásia (com Goa e Macau) e, claro, chegando à América Latina (com o Brasil). Portugal era um reino muito, muito rico graças às riquezas dessas colônias”, contou o escritor em conversa com BBC Reel.
Segundo Echegoyen, aquela foi a primeira vez em que a notícia sobre um desastre natural se espalhou tão rapidamente pelo mundo. “Foi a primeira catástrofe global da mídia que atraiu a atenção de todas as gazetas, jornais e viajantes em toda a Europa”, destacou.
Diante desse evento histórico e destrutivo, Edward Paice, autor de A Ira de Deus, conta que Lisboa era uma cidade muito bonita e que a arquitetura foi fortemente afetada pelo terremoto.
“Lisboa era uma visão muito atraente para os visitantes de primeira viagem. Havia mosteiros grandiosos e palácios de grande escala. A arquitetura foi fortemente influenciada pelo Oriente e também pela arquitetura islâmica. O Sol estava brilhando em todo o seu esplendor. Toda a face do céu estava perfeitamente serena e clara; e não havia o menor sinal de alerta daquele evento que se aproximava, que fez desta cidade, outrora florescente, opulenta e populosa, uma cena do maior horror e desolação”, relatou Paice também à BBC Reel.
Segundo registros históricos, esse teria sido um dos desastres naturais mais mortais que o mundo já viu, pois dezenas de milhares de pessoas morreram.
“Depois do terremoto que destruiu três quartos de Lisboa, o meio mais eficaz que os sábios do país inventaram para evitar uma ruína total foi a celebração de um soberbo auto de fé [ritual de penitência pública], tendo a Universidade de Coimbra decidido que o espetáculo de algumas pessoas sendo queimadas em fogo lento com toda a solenidade é um segredo infalível para evitar tremores de terra”, escreveu Voltaire.