O racha na direita na maior capital do Brasil segue sendo assunto dos políticos. Na avaliação de um aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o entorno do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, pressionam o ex-chefe do Executivo a ampliar a narrativa contra o candidato a prefeito de São Paulo e ex-coach, Pablo Marçal (PRTB).
A leitura feita por quem está acompanhando a “briga” é a de que fizeram chegar ao ex-chefe do Executivo que ele “pode perder o posto de líder da direita” se não combater de forma enfática Marçal.
Como mostrou o colunista Guilherme Amado no Metrópoles, Tarcísio em uma reunião recente cobrou apoio da família Bolsonaro a Ricardo Nunes, do MDB. Ele é apoiado pelo PL na tentativa de se reeleger. O governador expressou como seria ruim para a direita perder São Paulo, principalmente considerando os planos para voltarem em 2026.
Flávio Bolsonaro, que estava no encontro, verbalizou a Tarcísio, na sequência, que a família Bolsonaro não percebe na campanha de Nunes disposição de ter o ex-presidente por perto. O incômodo passa, por exemplo, por até agora Bolsonaro não ter sido chamado para gravar o programa de Nunes.
Pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira (22/8) mostra Marçal pela primeira vez tecnicamente empatado com o deputado federal Guilherme Boulos (Psol), que tem 23%, e com atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), que soma 19%. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais. O ex-coach apareceu com 21% no levantamento.
Neste mesmo dia, Bolsonaro e Marçal protagonizaram um atrito na rede social Instagram. Marçal comentou em uma publicação do ex-presidente: “Pra cima capitão. Como você disse: eles vão sentir saudades de nós”. Bolsonaro, então, rebateu: “Nós? Um abraço”. Depois, o ex-coach respondeu pedindo de volta o dinheiro que investiu na campanha do ex-presidente em 2022.
Aliados de Bolsonaro no Congresso disseram que não havia sido Bolsonaro que havia escrito a mensagem a Marçal, pois não era do feitio dele aquele tipo de escrita. O Metrópoles mostrou que a resposta foi escrita por Carlos Bolsonaro. O vereador do Rio de Janeiro segue operando as redes do pai, como fazia durante o governo Bolsonaro.
Bolsonaristas admitem Marçal “vivo” apesar de ataques
Apesar da ofensiva criada para tentar diminuir a subida de Marçal sobre o eleitor bolsonaristas, aliados de Bolsonaro reconhecem que o ex-coach “vai sobreviver” aos ataques.
Na visão de um político bolsonarista, o grupo é formado por uma ala que pode migrar para outro político se sentir que não se identifica com o candidato proposto pela família Bolsonaro.
Esse mesmo político relembrou que uma parte do eleitor bolsonarista já foi eleitor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seus primeiros mandatos, entre 2002 e 2010.