Melo chega ao segundo turno montado na “máquina”

As eleições neste primeiro turno para governador no Amazonas refletiram um dado preocupante quanto aos destinos da nossa democracia: as urnas não refletiram, completamente, a vontade popular.

Os resultados das urnas que apontam nenhuma diferença entre Eduardo Braga e José Melo, na verdade, refletem menos a vontade dos eleitores e mais, muito mais, as manipulações dessas vontades feitas pelo goezvernador José Melo quando fez uso desbragado da “máquina governamental”.

Que se portou durante toda a campanha como se aqui não houvesse lei, nem Poder Judiciário, nem polícia. Apenas a única e incontrastável vontade de Melo que faz da cadeira de governador seu objeto especial de desejo.

Freud explica.

Não se pode chamar de democracia um Estado e um país em que a vontade da população votante não reflete a sua vontade livre e soberana nas urnas, por mais que essas urnas sejam fruto de alta tecnologia de captação eletrônica dos votos e sua totalização.

Isso é ilusório.

A democracia transcende esse aparato aparentemente infenso a falcatruas, a fraudes, a vícios. Essas distorções são praticadas antes do voto ser digitalizado. Bem antes. Tem origem na cabeça deformada do autocrata no poder travestido de democrata.

No Brasil e no Amazonas, as eleições são “democráticas” apenas formalmente, visto que elas padecem de um sem número de distorções, de manipulações da vontade do eleitor.

Além dos famigerados “programas sociais”, que já fazem parte da “paisagem” eleitoral e encabrestam os eleitores mais pobres de maneira avassaladora, que os leva até as urnas como “zumbis”, para ali desaguarem em forma de votos as vontades dos seus pretensos “benfeitores”, os candidatos a reeleição pilotam a “máquina” do Estado de tal maneira desigual e despudorada que torna praticamente impossível a vitória de algum outro candidato que não o candidato “oficial”. Seja ele bom ou mal gestor, tenha ou não um programa de governo.

Melo ganhou “fama” no Amazonas por ter sido uma espécie de “embaixador para o interior” dos governos a quem serviu.

Fez uso, portanto, desse “conhecimento” para atrair para sua candidatura prefeitos, ex-prefeitos, vereadores e ex-vereadores, oferecendo a eles sacos e sacos de dinheiro, como demonstraram as várias apreensões pela polícia.

Fora cargos e salários. Para eles e para seus apaniguados.

Melo se utilizou da “máquina” para aparelhar órgãos e servidores para utilizarem de todos os recursos do Estado ao se engajarem nas eleições, inclusive a corporação da Polícia Militar, seus comandos e comandados, incluindo, aí, a “máquina de propaganda institucional”.

Seus métodos incluíram ameaças, terrorismo, perseguições, achaques, nomeações, exonerações, derrama de dinheiro em espécie carregadas em malas, etc.

Melo se utilizou de toda a logística pertencente ao Estado, que ele confundiu com “do governo” e “do candidato”, tais como o jatinho pertencente ao Estado, que foi utilizado sem cerimônia por ele e seus familiares e “correligionários”.

Além disso, “contratou” taxis aéreos, barcos, ônibus, vans, passagens aéreas, etc., a fim de prestarem serviço a sua candidatura, como demonstram fotos e mensagens nas redes sociais.

Melo ainda teve a ajuda nada discreta – na verdade aberta e determinante – da “maquina” da prefeitura de Manaus, utilizada, vejam só!, pelo prefeito Arthur Neto (ex-campeão da ética e da moralidade), que fez desta eleição um enfrentamento prévio contra Braga visando já as campanhas de 2016 (reeleição dele a prefeito) e de 2018 (ao governo do Estado, que Arthur pretende disputar).

Apenas para ilustrar a patifaria, um funcionário da prefeitura de Manaus e assessor da primeira dama do município, de nome Ronildo, foi pego com uma “mala” de dinheiro.

Portanto, Braga foi um vitorioso, pois ele enfrentou um “tsunami” de ilegalidade, de falcatruas, de aleivosias, de traições, de derrame de dinheiro, de distribuição de cargos e favores, do uso despudorado das “máquinas” do Estado e do Município de Manaus na sua campanha, das ameaças a servidores, do uso da PMAM como comitê de campanha, os “diabos”.

Até o seu comitê foi invadido pela polícia sem ordem judicial.

Alguém desinformado ou de má fé poderá dizer: “faz parte do jogo.”.

Negativo!

Não faz, não. Isso é crime! É ilegal. É imoral! Isso fere a democracia de morte, pois torna tão desigual a disputa que é praticamente impossível a quem está do lado oposto e não pode se utilizar das mesmas “armas” vencer uma disputa dessas.

Contudo, há sim um fator que pode vencer essa muralha de ilegalidades e de desafios à Justiça Eleitoral e do MPE, que jazem inermes diante de tamanha afronta em que pese alguns de seus membros tenham tentado reagir.

Apenas a vontade popular pode enfrentar, juntamente com o candidato Braga, essa patifaria que tenta se apropriar do Estado do Amazonas e do Município de Manaus como suas propriedades particulares.

Portanto, para enfrentar essa canalha, Braga terá de contar mais do que com um “exército de Brancaleone”, mas sim com uma tropa de resistência e de embate corajosa, determinada, destemida e disposta a ir para o confronto de ideias capaz de reverter esse quadro perverso de dominação das vontades.

E tudo isso contando apenas com as vontades livres de militantes políticos, sem envolver promessas de benesses e prebendas futuras (visto que presentemente não as há).

Não será fácil!

Será uma tarefa hercúlea, com mais de “doze trabalhos” a superar.

Luta de Titãs. Um contando com as virtudes e a Justiça dos deuses do Olimpo; outro com as trapaças e patifarias provindas das profundezas do Hades.

Álea Iacta Est!

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