Melo põe justiça em xeque e diz que procurou Graça Figueiredo três vezes para que agilizasse a intervenção em Coari

O governador José Melo, candidato à reeleição, é um “velho” e inconformado saudosista dos velhos tempos da ditadura militar, que interferia nas redações de jornais, nas universidades brasileiras, no Congresso Nacional e, também, no Poder Judiciário.

E nem poderia ser de outro modo. Afinal, Melo foi agente do Serviço Nacional de Informação, com bases montada na então Universidade do Amazonas (UA), de onde delatou, impiedosamente, vários professores.

Assim, e para não perder o cacoete, Melo, sem o menor pudor, resolve interferir, como se tivesse competência para tanto, nas atividades decisórias do Tribunal de Justiça do Amazonas.

Para fazer proselitismo, diz ele, loquaz, em comício realizado em Coari, que iria intervir no município. Que por três vezes já teria procurador a presidente do Tribunal de Justiça o Amazonas (TJAM), desembargadora Graça Figueiredo, para”pedir” a intervenção no município.

Disse, inclusive, ter procurador o desembargador relator – referia-se a João Simões – para pedir pressa no seu voto e, consequentemente, na sua decisão de magistrado.

Além de fanfarrão, Melo não só ousou, com as suas declarações estéricas e arrogantes, o exercício da advocacia administrativa, mas também, como se isso fosse possível, impor ao Poder Judiciário uma “saia justa”.

Isso é interveniência pura, marota, indevida e descabida.

Melo não precisava ressuscitar lá das catacumbas da ditadura a vilania asquerosa para realizar um desejo, sobretudo, porque o Tribunal de Justiça do Amazonas não está aí para satisfazer “desejos” de ninguém, muito menos de rábulas, e sim para fazer justiça.

José Melo, infelizmente, não se apercebeu de que os tempos mudaram, que o Poder Judiciário continua autônomo, soberano e independente e que não tolera casuísmos.

A intervenção em Coari, independentemente de ser ou não do gosto deste ou daquele, é algo que a justiça decidirá com sabedoria e não ao sabor de interesses subjacentes e à toque de caixa, como pretende Melo.

A batida do martelo, portanto, é algo supremo, sagrado, inspirado em Têmis, na deusa do Direito, que na mitologia grega era guardiã dos juramentos dos homens e da lei.

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