O novo ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, tomou posse nesta sexta-feira em Brasília e deu pistas de quais seriam os “inimigos externos” da Petrobras apontados ontem pela presidente Dilma Rousseff. Ele pregou também uma melhora na gestão da Petrobras e a punição dos envolvidos em casos de corrupção.
— Não poderia eu nominar os inimigos externos ou internos (da Petrobras). O que podemos dizer é que há uma conjuntura internacional, aonde há uma estratégia para desvalorização do barril de petróleo. Sabemos que isso não é uma política que poderá ser sustentada indefinidamente. Portanto, é estratégico ao Brasil manter os investimentos no pré-sal — disse ele, em entrevista coletiva após a posse.
Em seu discurso, anteriormente, ele dissera que a erosão do preço do petróleo era consequência de uma combinação de fatores, “como a queda do consumo, práticas comerciais danosas de alguns produtores e o surgimento da produção massiva de óleo de xisto nos EUA ameaça inviabilizar a rentabilidade de investimentos de grande porte no setor petrolífero”.
— No entanto, temos a estratégica decisão de fazer deste setor um dos fundamentos para o desenvolvimento socioeconômico deste país. As denúncias envolvendo a Petrobras constituem fator de perturbação no mercado. Porém, o que for investigado e comprovado (…) será devidamente considerado para a necessária punição dos culpados. Mas não devemos, nem podemos, deixar de prestigiar, reforçar e apoiar esta que é essencial e estratégica empresa para o futuro do desenvolvimento de nosso País — disse Braga em seu discurso.
Estiveram presentes na cerimônia de posse diversos representantes do PMDB, partido do ministro, entre os quais o presidente do Senado, Renan Calheiros, o senador Eunício Oliveira, o ministro do Turismo, Vinicius Lages, o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha e o líder do partido na Câmara, Eduardo Cunha. Também esteve presente o ministro Pepe Vargas, de Relações Institucionais, do PT. Esteve presente, ainda, o ministro Antonio Herman Benjamin, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
O novo ministro defendeu o fim de subsídios aleatórios ao setor elétrico, que vinham pressionando as contas públicas. Ele falou que o setor tem seu papel no processo de ajuste fiscal em curso no país e pregou a entrega de energia em “preço justo” para promoção da retomada da atividade econômica.
— O setor de energia se entregará com determinação e entusiasmo a esse esforço (fiscal) que não será apenas do governo, mas de todos os brasileiros. O fim de subsídios aleatórios e indiscriminados, fonte de pressão sobre as contas públicas, é medida indispensável para evitar consequências danosas à economia.
Em 90 dias, Braga quer formular um diagnóstico completo e detalhado com metas e submetas, apontando soluções para as situações de mineração e energia referentes ao ministério. O ministro que metas trimestrais para avaliação do cumprimento de medidas definidas pelo MME, em níveis setoriais e regionais.
O ex-ministro, Edison Lobão, destacou em seu discurso de despedida que foi o mais longevo ministro à frente da Pasta de Minas e Energia, por quase sete anos, e disse demonstrar gratidão ao ex-presidente Lula, da presidente Dilma Rousseff, e ao PT, além do PMDB, seu partido. Lobão agora retoma seu mandato de senador pelo Maranhão.
— Os técnicos têm o saber, mas os políticos têm a sabedoria. Digo isso novamente com a experiência de quem governou este ministério por mais tempo do que qualquer outro. Essa é a simbiose perfeita para um ministério técnico como este.