Dispostos a realizar auditorias preventivas, a partir deste ano, nas recém-descobertas reservas de gás e petróleo em solo moçambicano, membros do Tribunal Administrativo da República de Moçambique visitaram, na última sexta-feira (26), as instalações da Petrobras na Província Petrolífera de Urucu, em Coari. O juiz-conselheiro Januário Guibunda e o procurador-geral de Contas, André Paulo Cumbe, foram levados à base de Urucu pela conselheira-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM), Yara Lins dos Santos, e o conselheiro Júlio Pinheiro.
A comitiva africana veio ao Estado fazer um intercâmbio no TCE-AM na área de auditoria ambiental. Em três dias, eles estudaram as estratégias de atuação da Corte de Contas (manuais e resoluções), tiveram acessos às legislações federais que tratam do assunto e verificaram os resultados alcançados nas fiscalizações de resíduos sólidos, abastecimentos de água, unidades de conservação, entre outros. O Tribunal de Moçambique pretende assinar, ainda este ano, um termo de cooperação técnica com a Corte de Contas amazonense.
Na Base de Operações Geólogo Pedro de Moura, eles visitaram as zonas de compensações ambientais (de viveiros de mudas e de reflorestamento), conheceram os poços de manutenção e as áreas de produção petróleo e gás natural e de tratamentos de resíduos, além dos licenciamentos ambientais da Petrobras. A ideia deles foi averiguar o modo como a estatal atua em harmonia com o meio ambiente. Eles foram acompanhados pelo gerente Base de Urucu, Elcio Lunardi, e de servidores.
Alerta às autoridades moçambicanas
Feliz com o resultado da “Missão Moçambique”, a conselheira-presidente, Yara Lins dos Santos, agradeceu pela confiança dos colegas africanos e disse que o TCE-AM estará sempre de portas abertas para a troca de experiências profissionais. Ela parabenizou os moçambicanos pela iniciativa de realizar auditorias concomitantes e ratificou que pretende, em sua gestão, fazer auditorias paralelas e preventivas em obras e contratos no Amazonas, para prevenir o dano antes que ele aconteça.
“Vou cobrar dos gestores públicos do Amazonas, também, o cumprimento das determinações feitas na área ambiental em nossos relatórios, sob pena de multa. As ações preventivas são importantes e o TCE vai cumprir sua função de controle e prevenção”, enfatizou a conselheira Yara Lins dos Santos.
Anfitrião da comitiva africana, o conselheiro Júlio Pinheiro revelou que representantes de outros países, como Guiné Bissau e Argola, também já manifestaram o interesse de vir ao Amazonas conhecer os mecanismos para o controle ambiental. As visitas ainda devem ser agendadas.
A República de Moçambique está localizada no sudeste do continente africano e tornou-se independente em 1975 depois de mais de quatro séculos de domínio português. Após apenas dois anos de independência, o país mergulhou em uma guerra civil intensa e prolongada até 1992. Em 1994, o país realizou as suas primeiras eleições multipartidárias e manteve-se como uma república presidencial relativamente estável desde então.