Morre Ernesto Paulella, o ‘Arnesto’ do samba de Adoniran Barbosa

Ernesto Paulella, o “Arnesto”, do samba de Adoniran Barbosa, morreu por volta do meio-dia desta quarta-feira (26), aos 99 anos. Ele faria cem anos em 15 de dezembro de 2014 e morava ainda no bairro do Brás.
Arnesto sofreu uma fratura de fêmur e foi internado na sexta-feira (21), passou por cirurgia e estava no hospital.  Ele era advogado aposentado, viúvo e estudioso de latim.

Ele garantia que nunca convidou o amigo para um samba e nunca lhe deu “um bolo”, como diz a canção. “Isso é coisa da cabeça dele”, assegurou, em entrevista ao G1 em 2010.

Ele lembrava com carinho que Adoniran, semanas após serem apresentados, em 1935, pediu-lhe um cartão de visitas.

“Ele falou: ‘Você é Arnesto, porque seu nome dá samba. Você aduvida?'”, contava Ernesto, imitando a voz rouca do amigo. “Eu não aduvido mais”,  respondeu. O compositor prometeu escrever, então, uma canção para o amigo.

Aproximadamente 17 anos depois, Ernesto foi surpreendido com a música em sua homenagem sendo tocada na rádio. “Fiquei muito emocionado”, conta.

Mais tarde, Ernesto tentou dar um puxão de orelhas no amigo. “Adoniran, você me meteu em uma encrenca. Todo mundo me pergunta por que eu convidei você para o samba”, diz o advogado, que também era músico. Adoniran foi incisivo: “Arnesto, se não tinha mancada, não tinha samba”. Quando questionado pelo amigo se havia gostado do samba, Ernesto declarou a ele: “Você me abriu ao meio. [Esse samba] foi a coisa mais bonita que me aconteceu”.

 

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