Morre o ator Omar Sharif, aos 83 anos

Omar Sharif, estrela de clássicos do cinema como “Doutor Jivago” e “Lawrence da Arábia”, morreu nesta sexta-feira aos 83 anos. Segundo seu agente, o ator sofreu um ataque cardíaco num hospital no Cairo, Egito, onde nasceu.

No início deste ano, foi confirmado que o ator, nascido Michel Demitri Chalhou, em Alexandria, tinha sido diagnosticado com Mal de Alzheimer. De acordo com seu filho, Tarek El-Sharif, nos últimos tempos o pai fazia confusão entre os maiores filmes de sua longa carreira.

Além de ganhar três Globos de Ouro, Sharif foi indicado ao Oscar de ator coadjuvante por seu papel de Sherif Ali no épico “Lawrence da Arábia”, de 1962. Três anos depois, ganhou um Globo de Ouro por “Doutor Jivago”.

Além dos épicos de David Lean, estrelou ainda dois filmes da série “Funny girl”, no papel do vigarista Nicky Arnstein, ao lado de Barbra Streisand.

Sharif, que falava cinco idiomas, se tornou o mais famoso ator egípcio em mais de seis décadas de carreira. Como hobby, jogava bridge tão bem que foi considerado um dos 50 melhores do mundo. “Atuar é minha profissão, bridge é a minha paixão”, dizia.

Graças à sua dedicação ao esporte, Sharif assumiu, em meados da década de 1970, uma coluna ao lado de Charles Goren sobre bridge, publicada em centenas de jornais. O ator também escreveu dois elogiados livros sobre o jogo, em 1983 e 1994.

De ascendência síria e libanesa, Michel Shalhoub nasceu em 10 de abril de 1932, em Alexandria, filho de um proeminente comerciante de madeira. A família se mudou para o Cairo quando ele ainda era jovem, onde sua mãe costumava jogar cartas com o rei Farouk.

Mandado para o colégio interno, estudou matemática e física, e depois trabalhou para o pai. Católico de família, se converteu ao islamismo e mudou seu nome. Começou a carreira já como protagonista no filme “Siraa Fil-Wadi”, ainda no Egito.

Em 1955, casou-se com Faten Hamama, com quem contracenou no longa. O relacionamento acabou quase dez anos mais tarde, durante as filmagens de “Doutor Jivago”. Sharif nunca mais se casou.

Não demorou muito para que ele se tornasse o ator mais popular do Egito. O convite de David Lean para estrelar “Lawrence da Arábia” ao lado de Peter O’Toole, morto em 2013, mudou sua vida.

Em 2004 ganhou o César, o Oscar da França, pela atuação em “Uma amizade sem fronteiras”. Pelo trabalho levou também o prêmio do público no Festival de Veneza. O longa-metragem, que conta a história de um lojista turco em Paris que fica amigo de um adolescente judeu, ainda foi indicado ao Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro e ao Goya de melhor filme europeu.

Seu último trabalho foi o curta-metragem para a campanha “1001 inventions and the world of Ibn Al-Haytham”, da Unesco, que celebra o cientista Ibn al-Haytham, e tem lançamento previsto para este ano. Em 2013, participou do longa francês “Rock the casbah”.

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