Após receber uma série de denúncias, o Ministério Público Federal (MPF) enviou recomendação à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para que fiscalize os serviços de energia elétrica fornecidos pela empresa Centrais Elétricas do Pará (Celpa). Na recomendação proferida na última sexta-feira (8) e divulgada hoje (12), o MPF disse que tomou a iniciativa após receber um grande número de denúncias de aumentos elevados e súbitos nas contas de luz.
No pedido, o MPF diz que a Aneel registrou, nos últimos 12 meses, 3.374 reclamações relativas à matéria, “mas que, após ouvir a concessionária, acatou as razões expostas por ela para justificar o aumento de reclamações, o que confirmou que tem havido um grande aumento na quantidade de reclamações apresentadas por consumidores em decorrência do referido motivo”.
O MPF relata ainda que o Ministério Público Estadual do Pará e a Defensoria Pública do Estado receberam nos últimos 12 meses mais de duas mil reclamações sobre aumentos indevidos na conta de luz, a maioria por variação de consumo e erro de leitura. O número de reclamações coloca o Pará como um dos estados que mais registrou protestos de consumidores relativos à prestação do serviço. O estado aparece em penúltimo lugar no ranking da Aneel que mede a satisfação dos clientes das concessionárias.
Interrupção de convênio
Segundo o MPF, não há fiscalização direta dos serviços da concessionária no Pará desde março de 2016, quando a Aneel interrompeu, após 17 anos, um convênio com a agência estadual de fiscalização, a Agência de Regulação e Controle de Serviços Públicos do Estado do Pará (Arcon). De acordo com o MPF, com a interrupção do convênio, que garantia a fiscalização dos serviços da concessionária de energia, também foi suspenso o repasse para a Arcon dos valores pagos pelos consumidores a título de taxa de fiscalização dos serviços de energia.
O valor, embutido na tarifa em cada conta de luz, é repassado à Aneel e “desde que a fiscalização foi paralisada os consumidores paraenses já foram responsáveis pela arrecadação de R$ 12,5 milhões”, diz o MPF.
Na recomendação, a Arcon diz que a suspensão ocorreu em razão de problemas orçamentários da Aneel. Já a agência disse que “não pode manter o convênio porque a direção da Arcon passou a ser passível de livre exoneração pelo governo estadual, o que violaria um regulamento interno do setor elétrico.”
Na recomendação, o MPF pede que a “Aneel restabeleça o convênio ou então passe a executar a fiscalização por conta própria, sob pena de incorrer em ilegalidades.” O MPF deu prazo de 30 dias para a manifestação da Aneel.
A Aneel informou à Agência Brasil que está analisando a recomendação do MPF e que responderá até o final do prazo solicitado. A assessoria da agência disse ainda que a Aneel faz periodicamente fiscalizações nas geradoras, distribuidoras e transmissoras de todo o país. De acordo com a Aneel, além das multas, a Celpa pagou, em 2017, R$ 8 milhões em descontos nas contas de luz para os consumidores paraenses, em função do descumprimento dos limites de duração e frequência de interrupções definidos pela agência.
A Agência Brasil entrou em contato com a Celpa, mas até a publicação desta reportagem, não recebeu resposta da concessionária.