A agência espacial norte-americana, Nasa, anunciou hoje (22) a descoberta de um sistema solar com sete planetas de tamanhos semelhantes ao da Terra. Informações preliminares apontam que o sistema está localizado em zona habitável, apresenta condições climáticas adequadas, estruturas rochosas e a possibilidade de conservar água em estado líquido em sua superfície. Os resultados foram divulgados em entrevista coletiva na sede da agência, em Washington, e publicados na revista Nature. A descoberta estabelece um novo recorde no número de planetas, em zonas habitáveis, encontrados em torno de uma única estrela fora do nosso sistema solar.
O sistema de planetas batizado de Trappist-1 está localizado a cerca de 40 anos-luz (378 trilhões de quilômetros) da Terra, na Constelação de Aquário. Por estarem fora do nosso sistema solar, são conhecidos cientificamente como exoplanetas. De acordo a Nasa, a revelação pode ser uma peça importante no quebra-cabeças da busca por lugares habitáveis no universo.
“Nós temos descoberto muitos exoplanetas, que são planetas em outros sistemas solares, e a grande novidade dessa descoberta é que são planetas do tamanho da Terra, que estão orbitando uma estrela a 40 anos luz daqui. Pode ser que tenha água nesses planetas, e, se tiverem, sendo do tamanho da Terra, pode ser que sejam habitáveis, mas ainda há muito o que descobrir”, disse Rosaly Lopes, cientista no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa e gerente de Ciência Planetária, em Pasadena, Califórnia.
Estrela ultrafria
Os dados da descoberta foram coletados com o telescópio infravermelho Spitzer. A equipe da agência espacial norte-americana mediu os tamanhos dos sete planetas e desenvolveu as primeiras estimativas das massas de seis deles. Em contraste ao Sol, a estrela Trappist-1 foi classificada como ultrafria. Os planetas estão próximos uns aos outros e poderiam ser vistos a olho nu de seus vizinhos. Segundo a Nasa, poderiam parecer maiores do que a lua no céu da Terra.
Os estudos apontaram que o mesmo lado dos planetas estão sempre voltados para a estrela, causando dias ou noites permanentes. Isso significa que os planetas têm padrões de tempo completamente diferentes da Terra, como fortes ventos soprando do dia para noite e mudanças extremas de temperatura.
Segundo a Nasa, os primeiros indícios de existência dos exoplanetas foram detectados em maio de 2016, pelo telescópio espacial Hubble. Os estudos sobre o novo sistema planetário serão reforçados com o lançamento do novo telescópio espacial James Webb, previsto para ocorrer em 2018. Com sensibilidade muito maior, o Webb poderá detectar informações químicas de água, metano, oxigênio, ozônio e outros componentes da atmosfera dos planetas. O novo telescópio também analisará as temperaturas dos globos e as pressões de sua superfície, fatores-chave na avaliação de sua capacidade de habitação.