O furacão Laura deixou pelo menos seis mortos durante sua passagem pelo estado da Louisiana, no sul dos Estados Unidos. Apesar das expectativas catastróficas, o fenômeno perdeu força enquanto avançava pelo continente, e foi rebaixado à categoria de depressão tropical, com ventos de até 62 km/h.
As mortes confirmadas estão relacionadas a acidentes derivados da tempestade. Quatro pessoas morreram em decorrência de queda de árvore, um homem morreu envenenado por monóxido de carbono produzido pelo gerador de sua casa, e outro morreu afogado durante as inundações. As seis vítimas tinham idades entre 14 e 64 anos.
“Estou preocupado porque, à medida que continuarmos saindo e guiando buscas e resgates primários e secundários, encontraremos mais mortos”, disse o governador da Louisiana, John Bel Edwards. Apesar disso, ele disse que o estado tem “muito a agradecer”.
“Está claro que não sofremos e não sofreremos os danos catastróficos que imaginamos baseados na previsão que fizemos”, disse Edwards. “Mas sofremos uma enorme quantidade de danos, e milhares de moradores do estado tiveram suas vidas viradas de cabeça para baixo.”
Na Louisiana e no Texas, cerca de 700 mil pessoas estão sem eletricidade, enquanto os alertas de vigilância para enchentes, chuvas fortes e previsão de tornados isolados abrangem uma área de 8 milhões de habitantes.
De acordo com o Centro Nacional de Furacões (NHC), Laura chegou ao continente em Cameron, na costa da Louisiana, como um furacão de categoria 4, a segunda maior da escala, com ventos de 240 km/h.
O primeiro impacto foi mais forte, por exemplo, que o furacão Katrina, que atingiu a terra firme na categoria 3, em 2005. A principal diferença foi que o Katrina continuou ganhando força no continente e subiu para a categoria máxima. Cerca de 1.800 pessoas morreram e a cidade de Nova Orleans ficou destruída.
Laura, por sua vez, foi perdendo força gradativamente até que, na noite desta quinta-feira (27), foi rebaixado a depressão tropical.
Segundo especialistas ouvidos pela Folha, isso acontece porque a principal fonte de energia dos furacões é o vapor da água dos oceanos. Em terra firme -mais fria e seca-, eles perdem essa fonte e se dissipam gradualmente.
Na quarta-feira (26), o Serviço Meteorológico Nacional havia estimado que o furacão poderia formar uma enorme parede de água com cerca de 65 km de extensão e altura equivalente a um prédio de dois andares.
As ondas decorrentes do fenômeno poderiam avançar até 50 km continente adentro e o nível das águas subiria entre 4,5 e 6 metros acima do normal.
Embora as piores projeções não tenham se materializado, o NHC e autoridades locais mantiveram os alertas de perigo e reforçaram os pedidos de evacuação nas áreas marcadas como trajetória provável do furacão.
“Acontece que tivemos um pouco de sorte”, disse o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Foi muito grande, foi muito poderoso, mas passou rápido”.
Trump acrescentou que chegou a considerar a possibilidade de adiar seu discurso na convenção republicana em que aceitou formalmente a nomeação do partido para concorrer às eleições em novembro. Neste final de semana, o presidente deve visitar a região para avaliar os prejuízos.
Durante a tarde de quinta-feira, tropas da Guarda Nacional retiraram destroços das estradas em Lake Charles, na Louisiana, uma das cidades mais afetadas pelo Laura.
Os ventos derrubaram dezenas de árvores e placas de ruas e danificaram casas e prédios. Nas redes sociais, moradores registraram destroços das construções e carros abandonados nas ruas inundadas.Em entrevista à ABC News, uma moradora contou que cogitou enfrentar Laura sem sair de casa, mas foi forçada a mudar de ideia.
“Achamos que estávamos seguros. Tínhamos geradores e janelas fechadas com tábuas”, disse Ashley Thompson. “Ficamos com nossa família em nossa casa debaixo da mesa da cozinha. Após cerca de cinco minutos, perdemos o telhado”.
Agora, a previsão dos meteorologistas é que a depressão tropical siga em direção à Costa Leste, passando pelo Arkansas, Mississippi, Alabama, Tennessee, Missouri e Kentucky.
O Arkansas já registrou pontos de inundação na manhã desta sexta-feira (28) e a tendência, de acordo com os especialistas, é de chuva forte para todos esses estados.
Antes de chegar aos EUA, Laura passou como tempestade tropical por Cuba, onde também provocou fortes chuvas e alguns danos. No fim de semana, a tempestade causou 25 mortes no Haiti e na República Dominicana.
De acordo com o NHC, a temporada de tempestades no Atlântico, que vai até novembro, deve ser uma das mais severas. Os meteorologistas preveem até 25 fenômenos, dos quais o furacão Laura é o 12º até o momento.