O dia que caiu a máscara de Adail Pinheiro (Operação Vorax – Parte I)

Cinco anos depois Adail volta a se eleger prefeito de Coari

Durante as investigações, a Polícia Federal descobriu indícios de que o prefeito de Coari (AM), Adail Pinheiro (PMDB), usou dinheiro público para fretar avião e contratar prostitutas, pelo menos duas delas menores, em Manaus

Que suspire o primeiro “oh!” de choque quem nunca ouviu falar do festival explícito de corrupção que, mais do que o petróleo e o gás natural, brota do solo coariense há alguns anos. Na última terça-feira, 20 de maio, foi deflagrada pela Polícia Federal a operação Vorax, com a missão de desmantelar a quadrilha que assaltava os cofres públicos do município, distante de Manaus 363 km.

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Foram 48 mandados de busca e apreensão, 23 de prisão e a estimativa de que o rombo chegue aos R$ 50 milhões. Estimativa que provavelmente durará pouco. Em apenas uma incursão a um imóvel supostamente abandonado no município, policiais encontraram pouco menos de R$ 7 milhões, guardados em malas de viagem.

Os alvos da receita federal e da PF eram a Comissão de Licitações, Secretaria de Finanças, Gabinete do prefeito, Secretaria de Saúde e Secretaria de Obras do município, que atuariam na elaboração de licitações viciadas, definindo previamente os participantes e ganhadores do processo.
De acordo com as investigações, as empresas foram criadas com o fim de participar e vencer licitações no município, tendo a Prefeitura como único cliente.

Os crimes têm participação de cerca de 150 pessoas físicas, envolvendo agentes públicos e empresários de Coari e de Manaus. Ao todo, são 75 empresas investigadas no ramo de construção civil, fornecimento de mercadorias, inclusive medicamentos e promoções de eventos.

Em nota divulgada no dia 20 de maio de 2008, a Polícia Federal revelou que as perícias realizadas demonstram categoricamente que, somente no ano de 2001, houve pagamentos e saques injustificados em contas da Prefeitura de Coari, sendo apontado o valor de R$ 5.524.495,14, executado sem o devido suporte documental, causando desfalque ao erário.

A Controladoria-Geral da União (CGU) informou nas conclusões de seu Relatório definitivo, após auditoria realizada no ano de 2007, na Prefeitura de Coari, que do exame amostral empreendido, e considerando somente os recursos federais, ficou comprovado o emprego de notas fiscais inidôneas, no montante de R$ 1.579.400,48.

Porém, a investigação detectou que somente para cinco das empresas utilizadas no esquema foram repassados recursos da ordem de mais de R$ 49 milhões.

De acordo com informações obtidas pelo jornal REPÓRTER, ao longo do dia em que a operação foi deflagrada, entre as pessoas que foram presas em Coari estavam Aguiar, segurança do prefeito Adail Pinheiro, Cesário, empreiteiro, Paulinho, engenheiro da Secretaria de Obras de Coari, Paulo Bonilha, secretário de Obras, Joelma, secretária de Ação Social e Rome, secretário de Finanças.

Entre os presos em Manaus estão Elizabete Pinheiro Zuidgeest, irmã do prefeito Adail, Eduardo Pinheiro, irmão do prefeito, Haroldo Portela, promotor de eventos, Fabinho, empreiteiro, Flavinho, da empresa Tercon e Ezequiel Brandão da Rocha, empreiteiro.

No mesmo dia, a Polícia prendeu o médico Durval, que seria o proprietário da clínica Santa Etelvina.

De acordo com declarações obtidas pelo delegado Jocenildo Cavalcante, na clínica – onde seriam feitos abortos – foram encontrados, além de remédios vencidos, documentos falsos, armamento, munição e três fetos.

Durval, que atua na área há mais de 30 anos, foi flagranteado por porte indevido de arma. Segundo o delegado federal, ele foi indiciado, também, pela Polícia Civil. A clínica de aborto de Durval fica na Rua Lóris Cordovil, no Alvorada I.

Durante as investigações, a Polícia Federal descobriu indícios de que o prefeito de Coari (AM), Adail Pinheiro (PMDB), usou dinheiro público para fretar avião e contratar prostitutas, pelo menos duas delas menores, em Manaus.

As garotas eram pagas com dinheiro da prefeitura, que também financiava o transporte de Manaus até Coari.

O depoimento dos sócios da empresa Mega Models, que agenciava prostitutas para a Prefeitura de Coari, acabou por comprometer o prefeito.

(Matéria escrita por Ismael Benigno e publicada no jornal Repóter em maio de 2008)

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