Obcecado pelo pecado da soberba, Amazonino Mendes limita em 4,5% reajuste da data-base/2017

Em mais de 30 anos de vida pública, o governador Amazonino Mendes (PDT) continua o mesmo com os professores da rede pública de ensino com quem aprendeu as primeiras letras em modesta escola pública de Eirunepé e em um seminário no município de Coari.

A estúpida e odiosa aversão demonstrada pela categoria, desde que catapultado ao poder, graças a amizade com João Thomé, filho do ex-governador Gilberto Mestrinho, reaparece já no “ocaso da vida” ainda mais fortalecida.
Obcecado pelo pecado da soberba e para não dar o braço à torcer, Amazonino Mendes acena tão somente com a possibilidade de conceder à categoria tímidos 4,57% de reajuste à data-base ao exercício de 2017, mesmo ameaçado com o recrudescimento da greve dos professores que se ramificou por todos os lugares do Amazonas

Um acinte, uma humilhação que merece o desprezo de toda sociedade amazonense.
Há quatro anos sem atualização em seus vencimentos, os docentes pedem 35% de recomposição. Na prática, a proposta do governo não chega nem de perto, à metade dos 50% do pleiteado.
Com base nos cálculos de um salário de um professor com cargo de 40h semanais, que hoje é R$ 3.269,49 – um secretário de Estado ganha hoje R$ 15 mil -, o reajuste oferecido pelo governador Amazonino seria de apenas, R$ 149,41 por mês. Um professor que possui apenas uma cadeira de 20 horas semanais, a reposição proposta equivale somente R$ 74,70. Já para um docente com cadeira de 60h, o reajuste seria de R$ 224,11, valor quase R$ 100 inferior à média mensal de uma cesta básica em Manaus.
Para os policiais militares, o governador tampão concedeu 8% e ainda vai parcelar outros 22%.

Na tentativa de ludibriar os professores, ele ofereceu ainda como ganho, 10% do abono mensal do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), além de repasse excedente de receita no contracheque, de 11,5% ao ano.

O que em ganhos percentuais somados dá 26%.
No entanto, os professores classificam esse total percentual como enganoso, uma vez que o abono mensal do Fundeb, que para um professor de 40 horas aula, daria R$ 326,94, tem um prazo para cessar e por outro lado, ele não entra na conta da aposentadoria.
Outro questionamento da categoria é em relação ao excedente de receita no contracheque. O referido benefício agregado é classificado como um “gatilho” para corrigir perdas salariais.

Isso se explica pelo fato de os 11,5% ao ano corresponder a apenas 0,96% ao mês. Nessa conta, no contracheque do docente, entra apenas R$ 31,33 mensais, pouco mais do cartão “Direito a Vida”, que Amazonino criou quando governador, em meados dos anos 1990.
No ano passado, como governador interino do Amazonas, David Almeida abriu a caixa preta dos recursos da educação do Estado. Nela, ele viu que os professores e pedagogos da ativa, da rede estadual de ensino, tinham direito ao recurso do Fundeb da ordem R$ 246 milhões.
David pagou duas parcelas em setembro de 2017, que garantiu na conta bancária de parte desses profissionais, abono de até R$ 21 mil. Só não pagou todas as quatro parcelas para não ultrapassar o que prevê a Lei de Responsabilidade Fiscal. Mas, antes de sair do governo, o deputado estadual deixou encaminhado o pagamento das duas últimas parcelas, com recurso em caixa.

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