Omar se omite sobre conflito no sul do Amazonas, denuncia jornalista

Por Hiel Levy – Caro leitor, você já ouviu alguma palavra do governador Omar Aziz sobre o que está acontecendo no sul do Estado? Pois é, como o governo dele é totalmente focado na mídia, a máxima do marketing “não se cola a própria imagem em fato ruim” é seguida a risca por ele neste episódio.

Danem-se os índios. Danem-se os cidadãos desaparecidos. Não é com ele. Enquanto isso, os aliados jogam a culpa em todo mundo, menos nele.

Omar decidiu que devia ser diferente do antecessor em tudo. E bolou uma estratégia para concretizar isso. Primeiro, tratou de inundar a mídia com publicidade, desde o primeiro mês de seu governo, trocando a bandeira do Estado por essa coisa confusa, que parece uma borboleta verde. Depois, arriou as principais bandeiras do governo até então – o meio ambiente e o Prosamim. E hasteou a bandeira do Ronda nos Bairros como sua grande realização. Coisa de político provinciano ao extremo.

O terceiro passo consistiu em adotar um discurso repetido à exaustão por ele e por seus aliados: “eu não brigo com ninguém, não deixo ninguém esperando, não trato mal”. Inicialmente o nome de Eduardo Braga não era citado. A mensagem era subliminar. Coube aos “adversários”, como Marcelo Ramos, Francisco Praciano e Artur Neto ir fazendo aos poucos a relação mais explícita: “Eduardo brigava com todo mundo, dava chá de cadeira em prefeito e era grosso a não mais poder”.

A estratégia deu certo em boa parte da classe A, uma parte menor da classe B, mas não chegou no “povão”. Para este, o que importa não é a fofoca de bastidor, mas sim as realizações e nesse quesito Eduardo dá de goleada em Omar. Ocorre que, como os dois nunca romperam publicamente, a grande maioria do eleitorado considera o governo atual uma extensão do anterior. Daí a “boa” avaliação. E por aí se explica por que o governador não matou totalmente o Prosamim.

Já o meio ambiente ele matou e enterrou. Por isso não deu atenção aos indígenas, fez repetidos pronunciamentos condenando o discurso ambientalista – como faziam os velhos coronéis de barranco (que me desculpe meu amigo Walter Cruz, que não gosta quando uso sua patente para me referir a hábitos atrasados) – e agora vê os conflitos agrários explodirem sem tomar nenhuma atitude, a não ser autorizar o envio de policiais para a área, sem qualquer preparo para lidar com as questões que lá existem, todas circundando a disputa em torno da terra. E olhe que esteve em Humaitá no mês passado só para lançar o Ronda nos Bairros (foto acima, ao lado do prefeito Dedei Lobo, irmão de seu secretário de Fazenda, Afonso Lobo). Agora, não quer conversa com o município.

Omar é um político rasteiro, despreparado e que nunca quis estudar mais a fundo as questões do mundo moderno. Ao invés de aprender com a aproximação que Eduardo promoveu entre o Amazonas e a comunidade internacional, virou as costas para o mundo e mergulhou em seu mundinho provinciano, como se mais nada existisse. O pior é que levou com ele muitas cabeças ditas “pensantes”, todas incapazes de reconhecer os avanços do Estado em uma área fundamental, posto que igualmente provincianos.

Agora todos se vêem perplexos diante dos acontecimentos e tentam ajudar o governador a colocar a culpa na presidente Dilma Roussef, na Funai, nos garimpeiros, nos traficantes e no agronegócio.

Quem é o deputado Abdala Fraxe (PTN), para puxar a orelha da presidente? Talvez esteja se vingando do processo por sonegação de impostos que a Receita lhe impingiu. Só isso. E aproveitando para prestar um serviço ao governador aliado.

Deus nos livre desse provincianismo no Senado da República!

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