“Onde vamos parar”? O desabafo de uma jornalista com a crise na Polícia Militar

Nos últimos dias tenho acompanhado com muita aflição os fatos que tem acontecido no nosso querido Amazonas e fico preocupada quando vejo pessoas de bem e com boas intenções serem covardemente tolhidas de seus objetivos, por pessoas que hoje ocupam cargos relevantes no Governo do Estado, motivados por objetivos nada republicanos, aéticos, sem profissionalismo, que afrontam a democracia, a liberdade e quem sabe até a vida.

Faço essa introdução para lamentar, pois infelizmente tais fatos bateram à porta da minha casa, afetando inclusive minha família.

Durante minha carreira profissional tive a grata satisfação de cobrir matérias policiais e nunca presenciei o que aconteceu nos últimos dias, onde Oficiais da Polícia Militar do Amazonas (PMAM) estão entregando os cargos que possuem por não compactuar com desmandos e condutas suspeitas, justificados pelo objetivo de querer agradar ao Governo que aí está e a todo custo se manter no cargo, desrespeitando a legislação em vigor no país, princípios democráticos e outros valores, como a ética, a moral, a honra, a honestidade entre outros.

Esses Oficiais entregam os cargos, porque não admitem ver a corporação, que tem a obrigação legal de defender a democracia, ser transformada em curral eleitoral…estão fazendo isso, porque não admitem ver que todo o recurso financeiro, tecnológico, humano e material que é “INVESTIDO” em segurança pública no Amazonas ser gerido de forma irresponsável, sem parâmetros técnicos, sem seriedade, e por pessoas com um histórico nas suas corporações, nada recomendado para as funções que desempenham… fazem isso, porque ficaram cansados de injustiças, de presenciar atitudes que deixam os praças da corporação em quartéis caindo aos pedaços, velhos, sem alojamento sem as mínimas condições de salubridade, a exemplo do que aconteceu no quartel da ROCAM, onde as péssimas condições do alojamento podem ter contribuído para a morte de um policial militar…fazem isso, porque os nossos bravos defensores do meio ambiente, integrantes do Batalhão Ambiental estão com sua capacidade operacional reduzida, com o propósito de que os madeireiros e outros tipos de criminosos ambientais, possam destruir a maior reserva ambiental do planeta…fazem isso, porque não suportaram mais ver os animais da corporação, cavalos e cães, sem ração e sem medicamento para receber o devido tratamento veterinário…fazem isso, por ver pessoas com necessidades especiais praticantes da equoterapia ter seus tratamentos interrompidos porque a corporação transferiu os policiais especializados nessa atividade para outras funções…fazem isso, porque a tropa está há mais de dois anos sem receber coturnos, botas para montaria, capas e placas de coletes balísticos, cinto de guarnição, pois os que estão em uso pelo Comando de Policiamento Especializado (CPE) e suas unidades, estão vencidos e velhos…fazem isso, porque as unidades especializadas não tem como se comunicar por não possuírem rádios para a comunicação…fazem, finalmente, porque ainda existem outros motivos que se eu for relatar aqui não terminarei este texto tão cedo.

Quero externar meu apoio ao meu esposo, Major Franciney Bó, ao meu cunhado, TenCel Fabiano Bó, ao Cel Escossio, ao Major Morrilas, ao Major Herlon, ao Maj Wilmar Tabaiares, e a todos os policiais militares e demais pessoas que não admitem covardias, injustiças, e tudo mais o que eu escrevi aqui.

Paula Castro Bó

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