Pais são presos acusados de desviar doações milionárias para filho doente; veja o que se sabe

Foto: NSC

Um casal foi preso em Joinville, Santa Catarina, na quarta-feira, 22, após ser condenado por gastar parte dos R$ 3 milhões arrecadados em uma campanha para o tratamento médico de um filho, portador de atrofia muscular espinhal (AME), para comprar carro de luxo, joias e uma viagem a Fernando de Noronha.

Aline da Cunha Souza Openkoski e Renato Henrique Openkoski, então com 18 anos, moravam em Joinville e já tinham um filho de dois anos quando Jonatas Henrique Openkoski nasceu, em 21 de junho de 2016. Aos seis meses o bebê foi diagnosticado com síndrome de Werdnig Hoffmamm, doença neuromuscular mais conhecida como atrofia muscular espinhal – no caso dele, de tipo 1, uma das mais severas.

Para o tratamento, era preciso tomar um remédio chamado Spinraza, lançado em 2016 pelo laboratório norte-americano Biogen e cuja dose custa hoje cerca de R$ 360 mil. No início do tratamento, o paciente recebe três doses, com intervalos de 14 dias entre elas, e uma quarta dose um mês depois. A partir daí precisa receber uma dose do medicamento a cada quatro meses.

Para conseguir dinheiro para o tratamento de Jonatas, os pais lançaram em 2017 a campanha “Ame Jonatas”, que mobilizou muita gente no Brasil inteiro e até no exterior. Ao todo, o casal arrecadou R$ 3,6 milhões, segundo estimam autoridades.

Meses após o início da campanha, o casal comprou um carro de luxo, por R$ 140 mil, o que chamou a atenção do Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC), que exigiu prestação de contas do valor arrecadado. Foi combinado que até o fim de outubro de 2017 o casal apresentaria essas contas, o que não foi feito. No Réveillon seguinte, o casal viajou para Fernando de Noronha.

Em 16 de janeiro de 2018, a pedido do MP-SC, a Justiça bloqueou os valores arrecadados com a campanha e a documentação do carro. Na época, a família negou estar usando o dinheiro indevidamente e alegou ter ganho a viagem feita no Réveillon.

Em março de 2018, por ordem judicial, foram apreendidos o carro de luxo, alianças que teriam custado R$ 7 mil e outros bens de luxo supostamente adquiridos com o dinheiro da campanha.

Em 15 de outubro, o MP-SC denunciou o casal à Justiça por estelionato e apropriação de bens de pessoa com deficiência. Naquele momento o casal era acusado de usar para outros fins cerca de R$ 200 mil arrecadados para o tratamento do filho. Sete dias depois, a Justiça aceitou a denúncia.

Jonatas morreu em 24 de janeiro de 2022, aos cinco anos, após sofrer uma parada cardíaca. Em outubro daquele ano, o pai dele foi candidato a deputado estadual pelo PDT usando o nome “Renato Pai do Ame Jonatas”. Obteve 187 votos e não se elegeu.

Ainda em outubro de 2022, o casal foi condenado em primeira instância pelos dois crimes de que era acusado. Renato recebeu pena de 38 anos, 2 meses e 10 dias de prisão, além de multa. Aline foi condenada a 22 anos, 7 meses e 10 dias de prisão. O casal, que então morava em Balneário Camboriú, foi autorizado pela Justiça a recorrer em liberdade.

O prazo para recursos se extinguiu em 25 de março de 2024, quando foram expedidas as ordens de prisão de Renato e Aline. A Polícia Civil de Santa Catarina procurou o casal em Balneário Camboriú, não o encontrou e passou a considerá-lo foragido.

Na quarta-feira, o casal foi localizado e preso por policiais civis em uma casa no Morro do Meio, em Joinville.

O Estadão procurou o advogado Emanuel Stopassola, que representa o casal, mas não conseguiu contato até a publicação desta reportagem. À imprensa local, Stopassola informou que pediu ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina a conversão da prisão em domiciliar. Até a publicação deste texto, não havia manifestação da Justiça catarinense a respeito.

Com informações de Estadão.

Artigo anteriorDeputado João Luiz destaca que Diploma Cidade Manaus para secretário Jorge Oliveira mostra seriedade no trabalho do esporte
Próximo artigoMulher é presa sob suspeita de ter jogado ácido em jovem no interior do Paraná