Quase um terço das firmas offshore expostas pelo caso Panamá Papers teve origem em Hong Kong e na China, segundo dados novos revelados hoje (7) pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, sigla em inglês).
Os escritórios na China da Mossack Fonseca, empresa suspeita de envolvimento em esquemas de evasão fiscal, criaram 16,3 mil empresas de fachada ou 29% do conjunto mundial.
A investigação da ICIJ abrangeu 11,5 milhões de documentos ligados a quase quatro décadas de atividade da Mossack Fonseca, que conta com uma carteira de clientes prestigiados, entre os quais responsáveis políticos ou personalidades do esporte ou da cultura.
De acordo com o ICIJ, pelo menos oito atuais ou antigos membros do Comitê Permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês, a cúpula do poder na China, terão colocado seus bens em empresas offshore.
No “Índex de Transparência” de 2015, que avalia o nível da corrupção em 168 países, a China figura em 83º lugar.
No ano passado, o país asiático registrou uma massiva fuga de capitais privados, apesar das restrições cambiais impostas por Pequim. A economia chinesa registrou no mesmo período o menor crescimento dos últimos 25 anos.
Entre os familiares ou pessoas próximas de altos responsáveis chineses envolvidos está Deng Jiagui, o marido da irmã mais velha do atual Presidente Xi Jinping.
Após ascender ao poder, em 2012, Xi lançou uma midiática campanha anticorrupção, enquanto reprimiu ativistas e dissidentes que exigiam maior escrutínio sobre os titulares de cargos públicos.
Familiares de Zhao Gaoli e Liu Yunshan, atuais membros do Politburo do PCC, criaram também empresas de fachada, revelou o ICIJ.
O jornal britânico The Guardian, que fez parte da investigação, implicou ainda familiares do ex-primeiro-ministro chinês Li Peng, que integrou a sangrenta repressão do movimento pró-democracia da Praça Tiananmen, em 1989.
Entre os nomes chineses envolvidos, consta ainda Chen Dongsheng, o marido de uma das netas de Mao Zedong, o fundador da República Popular da China. Chen foi dono da Keen Best International Limited, uma firma com sede nas Ilhas Virgens Britânicas.
A criação de empresas offshore não é ilegal, apesar de visar frequentemente a lavagem de dinheiro ou a evasão fiscal.