(ANSA) – O papa Francisco advertiu neste sábado (6) sobre as consequências da degradação ambiental e, em particular, ressaltou que a floresta Amazônia, no Brasil, está sofrendo com uma “mentalidade cega e destruidora” que tem como objetivo favorecer o lucro.
Jorge Bergoglio fez as declarações em uma mensagem dirigida aos participantes do 2º Fórum Comunitário Laudato si, que acontece em Amatrice, cidade italiana do Lazio, que foi devastada por uma série de terremotos em 2016.
O objetivo do encontro, segundo o líder da Igreja Católica, é “refletir sobre a situação séria e insustentável da Amazônia e dos povos que lá habitam”.
“A situação da Amazônia é um triste paradigma do que está acontecendo em muitas partes do planeta: uma mentalidade cega e destruidora que favorece o lucro à justiça”, afirmou.
Segundo o Pontífice, essa atitude coloca em evidência a conduta predatória com a qual o homem se relaciona com a natureza. “Por favor, não esqueçam que justiça social e ecologia estão profundamente interligadas! ”
“O que está acontecendo na Amazônia terá repercussões em nível planetário, mas já prostrou milhares de homens e mulheres roubados de seu território, que se tornaram estrangeiros na própria terra, esgotados de sua própria cultura e tradições, quebrando o equilíbrio milenar que uniu esses povos à sua terra”, acrescentou.
O alerta do Papa foi dado diante de representantes do grupo que reúne pessoas e associações na Itália empenhadas na difusão do pensamento da Encíclica através de encontros ou iniciativas práticas. Entre elas está a contribuição ao movimento ambientalista pelo ponto de vista da “ecologia integral”.
Durante a mensagem, Francisco ressaltou a disposição dos participantes do Fórum “para deixar claro que são os pobres que pagam o preço mais alto pela devastação ambiental”.
“Os ferimentos causados ao meio ambiente são feridos inexoravelmente causados à humanidade mais indefesa”, lembrou.
Por fim, Francisco ressaltou que “o homem não pode permanecer um espectador indiferente diante dessa destruição, nem a Igreja deve ficar em silêncio”.
Nesta semana, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais detectou aumento de 88% no desmatamento da Amazônia comparando junho de 2019 com junho de 2018, atingindo 920 quilômetros quadrados de floresta.
De acordo com o Inpe, este foi o pior resultado para junho desde 2016 e pode estar ligado ao crescimento das atividades na região.
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, tem defendido que a preservação precisa encontrar um caminho que não sacrifique o desenvolvimento econômico.
Além disso, desde sua campanha eleitoral, em 2018, o presidente Jair Bolsonaro tem criticado as demarcações de terras realizadas por governos anteriores e afirmado que não pretende demarcar novas áreas. Ele ainda gerou polêmica ao repassar ao Ministério da Agricultura a demarcação de terras indígenas, medida contestada na Justiça. A demarcação antes ficava a cargo da Fundação Nacional do Índio (Funai).
Na última quinta-feira(4), inclusive, o mandatário brasileiro atacou a postura do presidente da França, Emmanuel Macron, e da chanceler alemã, Angela Merkel, pelo posicionamento ambiental de ambos.
Para Bolsonaro, em governos anteriores, líderes estrangeiros influenciavam os brasileiros a demarcar terras indígenas e quilombolas, e a ampliar áreas de proteção ambiental, o que, segundo ele, dificultava o progresso do país.
Neste ano, o Sínodo dos Bispos no Vaticano acontecerá sob o tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma economia integral”, entre os dias 6 e 27 de outubro. Na ocasião, os religiosos irão debater os principais problemas da região e a presença da Igreja junto aos povos amazônicos.
O Sínodo também discutirá novos caminhos para a evangelização, a tutela de povos indígenas e formas de proteção do meio ambiente. A sustentabilidade ambiental é uma das bandeiras do pontificado de Francisco e tema de sua primeira encíclica, a “Louvado seja”, que prega a criação de um novo modelo de desenvolvimento. (ANSA)