“Para meu pai, decência era obrigação”, diz filho de tucano preso

O ex-secretário de Ciência e Tecnologia do governo Anastasia e ex-presidente do PSDB de Minas Gerais Narcio Rodrigues (PSDB-MG) foi preso nesta segunda (30) na operação Aequalis, deflagrada pelo Ministério Público de Minas Gerais.

Foram cumpridos cinco mandados de prisão e 16 de busca e apreensão em Uberaba, Frutal e Belo Horizonte.

Segundo fontes da investigação ouvidas pela reportagem, há provas de que o tucano se valeu de contratos relacionados ao Centro Internacional de Educação, Capacitação e Pesquisa Aplicada em Águas (Hidroex) para captar recursos ilícitos para campanhas eleitorais do PSDB em 2012 e 2014.

A operação teria como foco apurar desvio de recursos na construção do projeto, obra do governo de Minas localizada em Frutal, no Triângulo Mineiro, cidade natal e reduto eleitoral de Rodrigues.

Entre os locais que houve busca e apreensão estavam escritórios da Hidroex, de onde foram levados computadores e documentos.

O ex-deputado, que teve prisão preventiva de cinco dias decretada, foi levado a uma das sedes do Ministério Público por volta das 8h e transferido às 13h20 para fazer exame de corpo delito. Rodrigues saiu dentro de um carro da Polícia e não falou com a imprensa.

Segundo a PM, ele ficará preso no Ceresp (Centro de Remanejamento do Sistema Prisional).

O PSDB de Minas Gerais foi procurado, mas ainda não se manifestou.

A investigação começou com auditorias da Controladoria-Geral do Estado de Minas Gerais.

Em nota, o governo atual, comandado pelo petista Fernando Pimentel, afirma que a auditoria abrangeu “diversos termos de cooperação técnica, convênios de transferências de recursos federais e outras parcerias, sendo todos firmados entre 2007 e 2014”.

“Os relatórios da auditoria foram encaminhados ao Ministério Público Estadual para as providências necessárias”, diz o comunicado. A Secretaria de Ciência e Tecnologia mineira diz que “encontra-se à inteira disposição de todos os órgãos de fiscalização para eventuais esclarecimentos”.

A Operação foi batizada de Aequalis, e significa ‘igualdade’, em latim.

Rodrigues é visto como homem forte de Anastasia e também do senador Aécio Neves (PSDB-MG), chegando a despontar como um dos principais interlocutores quando foi deputado federal e Aécio governador de Minas.

MAIS PRISÕES

Além do ex-deputado, outro preso foi o empresário Maurílio Bretas, dono da Construtora CWP (Construtora Waldemar Polizzi), que pertenceu a parentes de Anastasia até quatro meses antes de ele assumir o governo mineiro em 2010.

Em abril a Folha de S.Paulo revelou que a empresa era investigada pela Controladoria-Geral de Minas Gerais por ser beneficiária de desvios de R$ 8,6 milhões do Hidroex e por ter deixado de pagar aos cofres públicos uma taxa de fiscalização da licitação no valor de cerca de R$ 400 mil.

No processo licitatório, a CWP despontou como vencedora por ser a única entre as cinco participantes que apresentou responsável técnico com capacitação suficiente para a obra. Apesar de já ter vendido a CWP, foi o próprio Waldemar Anastasia Polizzi, primo em primeiro grau do hoje senador, quem ocupou assinou a documentação como responsável pela obra.

‘VERÁS QUE UM FILHO TEU NÃO FOGE À LUTA’

Na votação da aprovação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara, o deputado Caio Nárcio (PSDB-MG), filho de Rodrigues, votou pelo afastamento da petista citando a honestidade do pai.

“Por um Brasil aonde meu pai e meu avô diziam que decência e honestidade não eram possibilidade, eram obrigação”, disse Caio antes de votar a favor do impeachment. O deputado encerrou a fala com a citação: “Verás que um filho teu não foge à luta”.

Caio Nárcio acompanhou o pai até a sede do Ministério Público na manhã desta segunda. Com informações da Folhapress. Notícia ao Minuto

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