Pedido de habeas corpus impetrado pela defesa de José Melo só será julgado após manifestação da juíza Jaiza Fraxe

Preso preventivamente em dezembro do ano passado por decisão da juíza federal Ana Paula Serizawa, o ex-governador José Melo, acusado pelo rombo de R$ 120 milhões da saúde, deixou o presídio antes da virada do ano por força de recurso que o beneficiou a prisão temporária. O documento foi assinado pelo juiz Ricardo Sales.
No dia 03 de janeiro, a juíza Jaiza Fraxe acatou o pedido do Ministério Público Federal e mandou de volta José Melo para o Centro De Detenção Provisória Masculino II, preventivamente.
Uma semana depois, José Melo pode voltar para casa ou permanecer no presídio. A decisão  é de Jaiza Fraxe.
A desembargadora federal Mônica Sifuentes do Tribunal Regional Federal da 1ª Região em Brasília solicitou nesta sexta-feira, 12, da juíza federal em Manaus, Jaiza Fraxe, informações sobre a prisão preventiva do ex-governador José Melo.
Jaiza tem 72 horas para se manifestar.
Só após o recebimento das informações de Jaiza Fraxe, a desembargadora vai julgar o pedido de habeas corpus impetrado pela defesa pedindo a liberdade do ex-governador e, também, da ex primeira dama Edilene Oliveira.
 
Para entender
Na manhã do dia 21 de dezembro do ano passado, a Superintendência Regional da Polícia Federal no Amazonas, como o apoio da CGU – Controladoria Geral da União, deflagrou a terceira fase da Operação Maus Caminhos, denominada Operação Estado de Emergência, como objetivo investigar os crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de capitais e de organização criminosa, envolvendo o ex-governador do Estado.
A investigação abrange os crimes praticados pelos membros da organização criminosa alvo da primeira fase que corromperam diversos agentes públicos do Estado do Amazonas, por meio do pagamento de propina, utilizando-se de recursos públicos desviados do Fundo Estadual de Saúde, para o fim de obter o direcionamento de contratos, acelerar a liberação de pagamentos e acobertar os ilícitos praticados.
De acordo com a Polícia Federal, os fatos relacionados ao envolvimento do ex-governador dão conta de que o mesmo recebia pagamentos periódicos dos membros da organização criminosa comandada por Mouhamed Moustafa.
Acréscimo patrimonial
Análises realizadas pela CGU indicam que houve um aumento do patrimônio do ex-governador considerado incompatível com a renda dele, tendo em vista que o salário mensal de Governador do Estado era estimado à época no valor de R$ 30 mil. Nota técnica da CGU aponta indícios de enriquecimento de José Melo, especialmente em virtude da aquisição de um imóvel de alto valor, avaliado em cerca de R$ 7 milhões, além de reformas vultuosas em sítio também de sua propriedade.
A Polícia Federal interceptou diálogo entre Mouhamad Moustafa e a advogada Priscila Marcolino, também denunciada no esquema de desvios na saúde, em que ele pedia a ela que sacasse R$ 200 mil, para que Mouhamad ficasse com R$ 500 mil em casa, pois havia recebido um pedido direto do “velhinho”, termo utilizado por ele para se referir a José Melo. Em outra ocasião, utilizando aplicativo de mensagens, Mouhamad pede novamente à Priscila que realize um saque, pois o “Gov e o irmão” estavam implorando pelo recebimento de uma quantia de R$ 80 mil.
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